Operação do Ministério Público tenta prender ‘guru espiritual” acusado de abusos sexuais

A denúncia apresentada hoje pelo MP contra Jair Tércio Cunha se baseou em investigação que mostrou “veementes indícios de cometimento de crimes de violência de gênero”. (Foto: Imagem de vídeo//MP/Captura/Reprodução/ Fantástico/ TV Globo))

O Ministério Público do Estado da Bahia realizou nesta quinta-feira (17) a Operação Fariseu, que busca cumprir um mandado de prisão preventiva contra o líder religioso Jair Tércio Cunha, de Salvador. Segundo divulgou o MP em seu site, o “guru espiritual” foi denunciado por violência de gênero, violação sexual mediante fraude, estupro de vulnerável (uma das vítimas tem 16 anos e outra fez 18 este ano) e lesão corporal por ofensa à saúde mental contra quatro vítimas.

A operação conjunta dos Grupos de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) e de Defesa da Mulher e da População LGBT (Gedem) do MP e da Secretaria de Segurança Pública e Polícia Civil, por meio do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom) e da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços nos quais o denunciado exercia suas atividades, com o objetivo de obter novas provas.

De acordo com a coordenadora do Gedem, promotora de Justiça Sara Gama, “os crimes são agravados por terem sido cometidos no âmbito doméstico, dada a relação de afetividade formada entre o autor do fato e essas vítimas”. O Gedem foi acionado pela ouvidoria das mulheres do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que relatou 14 mulheres acusaram o denunciado de crimes de natureza sexual, o que levou o MP a instaurar o procedimento investigativo que analisou as provas que embasaram a denúncia. A promotora afirmou ainda que o acusado “adota essas práticas delituosas há anos e, como continua em atividade religiosa, a sua prisão preventiva foi decretada para proteger as vítimas e evitar o eventual cometimento de novos crimes”. Sara Gama destacou que o MP possui dois canais para denúncias de eventuais vítimas, o e-mail [email protected] e o telefone 08006424577.

A promotora de Justiça Márcia Teixeira, que ficou responsável pelo caso e colheu o depoimento das vítimas, afirmou que o sigilo foi pedido por elas com base no “fundado temor”, por parte das vítimas em relação ao acusado e a alguns dos seus seguidores. Até agora, a promotora já ouviu nove vítimas e seis testemunhas, algumas das quais foram vítimas no passado. “Os crimes cometidos contra essas testemunhas já prescreveram, mas serviram para nos mostrar a consistência da prática criminosa por parte do acusado, que já adotava o mesmo método há mais de 30 anos”, frisou Márcia Teixeira. Nove mulheres ainda serão ouvidas sobre o caso. (Jornal da Midia)

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