Quando o ator e humorista Paulo Gustavo estava internado em estado grave batalhando contra a covid-19, o pastor José Olímpio, da Assembleia de Deus de Alagoas, publicou em seu perfil no Instagram que estava “orando pela morte” do artista.
No dia 4 de maio, Paulo Gustavo faleceu por complicações da doença e agora o Ministério Público Estadual (MP-AL) está denunciando o pastor José Olímpio por “crime tipificado no art. 20 da Lei 7.716/1989 praticar discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional- racismo”.
O pastor se desculpou após ameaças de processo por organizações LGBTQ+
José Olímpio não comentou a denúncia recente, mas havia publicado uma nota de desculpas dias depois da postagem original. No texto, ele informou ainda que colocou o seu cargo na assembleia à disposição.
“Esse é o ator Paulo Gustavo que alguns estão pedindo oração e reza? E você vai orar ou rezar? Eu oro para que o dono dele o leve para junto de si”, dizia o post, que levava também uma foto do ator em uma cena gravada em uma igreja.
Já na nota em que pede desculpas, ele reconhece o erro e assume outra postura: “Quão tolo eu fui! Por ter escrito a sandice que escrevi, mesmo sem no meu intimo desejar a morte de ninguém, pois apesar de minhas fraquezas, sou um cristão convicto. Peço mil vezes a todos: DESCULPAS, DESCULPAS, DESCULPAS”.
A publicação original do pastor foi deletada
Leia a nota na íntegra:
“Mediante esta, quero apresentar-me ao público com uma nota dupla: primeiro, para pedir desculpas, pois o pedido de desculpa deve ocorrer quando se cometer um ato falho sem a intenção de ofender ao atingido. Por isto, em primeiro lugar peço desculpas, pois, quem me conhece, sabe que do meu íntimo jamais eu ofenderia propositalmente alguém, estou dessa idade e por onde passei foi construindo amigos e servindo a quem precisa com o que está ao meu alcance. Para saber quem é a pessoa, deve-se buscar a começar na família, na vizinhança onde se criou e viveu e na igreja onde é membro. Se forem procurar falhas e imperfeições em mim, vão encontrar muitas, mas, malignas intenções, creio que não encontrarão.
Considerando esse preâmbulo peço DESCULPA, pois nunca foi intenção do meu coração ferir, ofender ou machucar a nenhum dos ofendidos (que são aos milhares), a começar do ator Paulo Gustavo, que foi atingindo diretamente, passando por seus familiares, amigos, admiradores e muitos fãs, pois o mesmo é uma pessoa querida no mundo artístico. A minha insensatez foi tentar defender a honra de meu Deus, muitas vezes ultrajada de muitos modos e de muitas maneiras e por muitas pessoas, esquecendo-me eu, de que Deus, o Criador do céu e da terra não precisa de quem defenda a sua honra. Quão tolo eu fui! Por ter escrito a sandice que escrevi, mesmo sem no meu intimo desejar a morte de ninguém, pois apesar de minhas fraquezas, sou um cristão convicto. Peço mil vezes a todos: DESCULPAS, DESCULPAS, DESCULPAS.
Mas, mesmo sem ter cometido no meu intimo o pecado de desejar verdadeiramente a morte de ninguém, eu também, quero pedir PERDÃO. Perdão aos familiares, amigos, admiradores e fãs, porque os feri e principalmente ao ator Paulo Gustavo.
Perdão a minha mãe, irmãos, cunhados, a minha esposa e aos meus três filhos, um jovem e gêmeos adolescentes, por colocá-los em uma situação tão vexatória. Perdão a memória de meu pai, que me ensinou a ser um cidadão de bem. Perdão aos meus amigos que ao longo dos anos têm posto tanta fé em mim. Perdão a minha Igreja na qual nasci e me criei, que desde a minha infância, na Escola Dominical, tem me ensinado o caminho reto.
Perdão aos pastores de todo o Brasil, que Deus me deu a graça de conhecer, amá-los e ser por eles amado. Perdão aos meus companheiros da briosa COMADAL, por ter-lhes causado este desconforto. Perdão as mui dignas Mesas Diretoras da IGREJA e da COMADAL, que me deram um voto de confiança, consagrando-me ao Ministério.
Perdão ao meu pastor presidente, que sempre me ensinou e ensina a todos os obreiros a não perder tempo nas redes sociais e nem exporem-se nas mesmas. Se tivesse dado ouvidos aos seus ensinamentos, não teria caído nessa situação. Por fim e principalmente, quero pedir PERDÃO ao meu Deus, pois por minha causa o seu nome está sendo blasfemado entre os gentios (Rom 2:24), sem que Ele, nem sua Palavra, nem sua Igreja tenham culpa alguma.Evidenciando o reconhecimento do meu erro, junto a esta nota, dou a conhecer a quem possa interessar, que voluntariamente pus minhas funções à disposição da Mesa Diretora da Convenção dos Ministros da Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Estado de Alagoas – COMADAL e estou solicitando ao Conselho Consultivo e de Ética da mesma, através de documento protocolado na secretaria, a analise do caso em apreço, ponho-me a disposição do mesmo para que me sejam aplicadas as penas previstas nas normas estatutárias e regimentais de minha Convenção Estadual, de acordo com o que este douto Conselho julgar. Termino rogando orações por mim e por minha família”. (MSN)