Pela primeira vez, mulher trans tem pés lavados em basílica tradicional de Salvador

Momento do lava-pés também reuniu indígena, refugiado e pessoas de outras religiões na Igreja do Bonfim.

Pela primeira vez, mulher trans teve pés lavados durante missa em igreja de Salvador. — Foto: Luanne Ribeiro

Pela primeira vez, uma pessoa trans teve os pés lavados durante uma missa na tradicional Basílica Santuário Nosso Senhor Bom Jesus do Bonfim, em Salvador. O momento histórico foi vivido pela empreendedora Brenda Souza, de 45 anos, na noite de quinta-feira (28), durante as celebrações da Semana Santa.

“Foi muito importante e emocionante padre Edson me apresentar como uma pessoa trans. Me senti muito acolhida pela igreja e pelas pessoas que estavam lá. isso vai ficar marcado por toda minha vida”, contou Brenda.

A missa da Ceia do Senhor é marcada pelo momento do lava-pés, um ato que faz referência a quando Jesus lavou os pés de seus 12 discípulos. O ato aconteceu antes de sua morte e ressureição.

Na quinta-feira, o reitor da Basílica, o Igreja , lavou os pés de 12 pessoas. Para Brenda, de 45 anos, o momento foi tão emocionante porque ainda é difícil se sentir aceita em templos religiosos – não só os cristãos. Ela é católica, mas lamenta que a ida à igreja ainda é marcada por olhares preconceituosos.

“Ainda há muito preconceito, são espaços que nunca pensam que pessoas transexuais e travestis vão poder chegar. [O lava-pés] Mostra que é possível viver em sociedade, ter paz, amor”, afirmou.

As outras 11 pessoas que tiveram os pés lavados também não foram escolhidas aleatoriamente: elas representam a diversidade étnica, religiosa, social e racial presentes na sociedade.

Entre elas, estavam um representante indígena, pessoas com outras religiões e um refugiado da Venezuela que foi acolhido pela Obra Social da Basílica Santuário Nosso Senhor Bom Jesus do Bonfim, o Projeto Bom Samaritano.

O escritor e agitador cultural Clarindo Silva também estava entre um dos 12 escolhidos para o lava-pés. [Veja a foto abaixo]

Missa reuniu 12 pessoas que representam diversidade étnica, religiosa, social e racial presentes na sociedade. — Foto: Luanne Ribeiro

Missa reuniu 12 pessoas que representam diversidade étnica, religiosa, social e racial presentes na sociedade. — Foto: Luanne Ribeiro

De acordo com o padre Edson, a escolha teve como base o tema da Campanha da Fraternidade deste ano: “Fraternidade e Amizade Social”.

Durante a celebração, as palavras do padre foram exatamente neste sentido: “Somos todos irmãos, nenhum de nós é melhor que o outro, nenhum de nós é mais importante do que o outro”.

G1/Bahia

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