As grades das penitenciárias da Bahia não impediram que o maior inimigo da sociedade na atualidade entrasse. O coronavírus já infectou 106 presos e 428 servidores nos cinco meses da pandemia no estado, segundo levatamento do BNews com dados da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap).
Apesar dos decretos estaduais que suspenderam as visitas desde março; reforço alimentar dos detentos com aumento de três para quatro refeições diárias; instalação de barreiras sanitárias nas penitenciarias do estado, distribuição de Equipamentos de Proteções Individuais (EPI’s) para servidores não foram suficientes para barrar o surto da Covid-19 entre a população de 13 mil pessoas privadas de liberdade custodiadas nas 26 unidades prisionais do estado.
Mas o que acontece quando o preso é diagnosticado com a Covid-19?
Quando o interno apresenta sintomas do coronavírus, segundo a Seap, o detento passa por atendimento da equipe médica, e segue para uma das duas unidades hospitalares com 300 vagas para recuperar os casos confirmados do coronavírus do sistema prisional.
Dos 106 internos detectados com a Covid-19 nenhum veio a óbito. Destes, 79 estão recuperados e os outros com sintomas leves. Das 26 unidades prisionais ativas, somente 09 possuem casos de presos infectados. Quanto aos servidores, já são mais de 354 recuperados dentre os 428 contaminados.
Sindicato dos servidores penitenciários se pronuncia
“Esse número de profissionais contaminados está elevadíssimo. Temos 1306 policiais penais, é quase metade dos policiais penais com a Covid-19 que lidam diretamente com os presos infectados com o novo vírus. Na lida direta com os presos são 900 policiais o restante trabalha na parte administrativa”, disse Reivon Pimentel presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado da Bahia (Sinspeb).
O líder sindical ainda faz outro alerta sobre a situação carcerária de internos e servidores durante a pandemia. “Esse número de contaminado com a Covid-19 vai aumentar, pois começou a testagem há dois meses depois de uma ação judicial que o sindicato moveu e obrigou a testagem em massa. Com isso já foram detectado surto em Feira de Santana com 100 casos positivos na penitênciaria. Estes foram transferidos para espaço de isolamento, não para hospitais de campanhas dentro das cadeias. As condições médicas nada lembra um hospital de campanha de Covid-19”, disse.
Em maio, a Defensoria pública da Bahia pediu a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) e a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) para realizarem testes em todos os custodiados do sistema prisional no estado. Os defensores, após fiscalização nas unidades prisionais da Bahia pediram a Seap a adoção de materiais de limpeza e de higiene pessoal. Até então, eram cedidos pelos familiares dos detentos.