Atualmente, os principais motivos que levam os pais e responsáveis a negligenciar a vacinação de crianças e adolescentes são o medo de possíveis efeitos colaterais (19,76%) e a falta de confiança nas vacinas (19,27%), de acordo com dados preliminares da pesquisa intitulada “Hesitação vacinal: por que estamos recuando em conquistas tão importantes?”, realizada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) em parceria com o Instituto Questão de Ciência (IQC).
Para obter esses resultados, os pesquisadores entrevistaram aproximadamente mil pediatras, que relataram as dúvidas mais comuns sobre o assunto trazidas pelas famílias durante as consultas pediátricas de rotina.
Além dos motivos mencionados anteriormente, os pais também citaram outras razões para não levarem seus filhos para receber vacinas, de acordo com os médicos. Entre elas estão o “esquecimento” (17,98%), a falta de disponibilidade de imunizantes no serviço público (17,58%) e o custo das vacinas no setor privado (10,69%).
Segundo a percepção dos especialistas, essas informações são principalmente disseminadas por meio das redes sociais (30,95% dos médicos responderam dessa forma). Aplicativos de mensagens, como o WhatsApp (8,43%), e a internet como um todo (13,60%), são apontados como influências mais significativas do que a televisão (3,34%).
Os pediatras têm recebido diversas dúvidas e afirmações falsas baseadas em desinformação. Algumas das principais frases relatadas são: “Minha filha não precisa da vacina para HPV, pois ainda não iniciou a vida sexual”; “A vacina para HPV pode causar efeitos neurológicos graves”; e também “A doença causada pelo rotavírus é leve em crianças”.
Essas declarações destacam a necessidade de esclarecimentos e informações corretas por parte dos profissionais de saúde para combater a disseminação de informações errôneas e garantir a conscientização sobre a importância da vacinação adequada.
De acordo com 81,29% dos pediatras entrevistados, a vacina contra a Covid-19 é a que mais gera apreensão nas famílias, seguida pelas vacinas contra o vírus influenza (6,7%) e a febre amarela (6,09%), que são doenças mais conhecidas pela população em geral.
Nos consultórios, os pais apresentam diversos motivos para rejeitar a vacina contra o coronavírus para seus filhos. Os principais argumentos mencionados são: preocupação de que a vacina de tecnologia RNA possa trazer riscos à saúde das crianças (18,09%); receio de correr riscos, pois acreditam que as imunizações podem causar doenças como miocardite e trombose (16,58%); desconfiança em relação à segurança das vacinas de RNA no longo prazo (13,07%); crença de que as crianças não sofrem com casos graves de Covid-19 (12,84%); e desconhecimento de casos de crianças que faleceram em decorrência da Covid-19 (8,80%).(ba)