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Particularmente, já soube um pouco mais a respeito de algumas delas e o que mais chamou a atenção foi o fato de que uma parcela expressiva, em sua vida privada, mais convivia com sentimentos de tristeza e angústia do que, propriamente, o contentamento que tanto demonstravam publicamente. Como profissional da psicoterapia, fiquei curioso com esta “ambivalência de humores” e fui averiguar se existiria alguma pesquisa que já houvesse tentado explicar esse estado artificial de animação. Localizei alguns poucos estudos que haviam se debruçado sobre o tema e devo confessar que fiquei bastante surpreso com alguns achados. Quer saber?… Veja só: uma pesquisa realizada pela Universidade de Oxford e publicada no início deste ano, intitulada “Traços Psicóticos em Comediantes”, investigou 523 comediantes e os comparou com um grupo controle composto de 350 pessoas (o de não comediantes). Sabe o que eles descobriram? As pessoas que passeiam pelo humor apresentaram elementos criativos e o “jeito de pensar” (estilo cognitivo) muito semelhante a pessoas com psicose, esquizofrenia e com transtorno bipolar do humor, segundo Gordon Claridge, da Universidade de Oxford, Departamento de Psicologia Experimental. Segundo o pesquisador, os comediantes utilizam seu ato cômico, muitas vezes, como uma forma de lidar com as agruras e inquietudes pessoais.
Em outra pesquisa mais antiga intitulada “A relação do humor com a depressão e a personalidade” (publicada no Psychological Records), foi avaliada uma amostra de 38 homens e 90 mulheres, ambos os grupos de estudantes universitários. Os resultados? Novamente achou-se uma forte correlação entre a construção do humor e a depressão. Por fim, encontrei uma terceira investigação que procurou estabelecer a possível relação entre o humor (de uma amostra de adolescentes) e a depressão. Os autores sugeriram que o humor dessas pessoas pôde ser compreendido, muitas vezes, como uma forma alternativa de elas lidarem com sua depressão interior. Vamos olhar os dados com cautela, obviamente, pois necessariamente as pessoas mais animadas nem sempre flertam com a falta de sentido e com a tristeza, se comparadas ao resto da população, entretanto, as pesquisas apontam para o fato de que exista possivelmente alguma relação entre fazer humor e o estado depressivo. Pensando aqui comigo, creio que, ao fazermos piada a respeito de nosso próprio desgosto, usamos de um pequeno recurso para aliviar os embates que compõem a tragédia cotidiana humana e assim tornarmo-nos um pouco mais soberanos ao sofrimento, quem sabe?… “O humor é necessário para a vida humana.” (“Ludus est necessarius ad conversationem humanae vitae”), São Tomás de Aquino. (Cristianonabuco)