A sub-representação de negros e negras (pretos e pardos) em cargos de comando do setor público é também uma realidade no Brasil, assim como já observado no setor privado. Dados do governo mostram que, embora sejam aproximadamente 55% da população, negros ocupam 35,6% dos postos no serviço público federal. Quando se refere aos cargos de comando, a porcentagem reduz a 15%, conforme aponta reportagem da Folha.
Segundo a reportagem, o governo federal não deixa disponível para consulta pública estatísticas de pessoal com recorte por cor e raça. Neste caso, o dado detalhado mais recente, referente a 2018, foi compilado pela Enap (Escola Nacional de Administração Pública), vinculada ao Ministério da Economia.
Os dados preliminares indicam, no entanto, pouco alteração no cenário de 2018 até este 2020. Em outubro deste ano, entre os que fizeram a declaração, a parcela de servidores negros na administração federal ficou em 36,8%.
Segundo o levantamento da Enap, a disparidade salarial entre brancos e negros no serviço público caiu lentamente ao longo dos anos, mas ainda persiste.
Em 2018, dado mais recente, brancos e amarelos ganharam em média 14% a mais do que negros e indígenas.
Os números consideram os servidores que declararam sua raça ou cor. Do total de funcionários públicos, 11,9% não prestaram essa informação naquele ano.
Entre os servidores com pós-graduação, mestrado ou doutorado, 42% dos brancos têm salário superior a R$ 12 mil. Com a mesma formação, apenas 28% dos negros têm remunerações superior a esse patamar.
Além da diferença salarial, quanto maior o nível de formação dos servidores, menor o número de negros que ocupam esses cargos, aponta a reportagem.