Petrobras prevê até R$ 442 bilhões em dividendos entre 2023 e 2027

Criticada por integrantes da transição do governo Lula, a distribuição de elevados dividendos continua nos planos da gestão da Petrobras, segundo o planejamento estratégico divulgado nesta quarta-feira (30). Entre 2023 e 2027, a empresa prevê pagar até US$ 85 bilhões (R$ 442 bilhões, segundo a cotação de quarta).
 

Em 2022, a Petrobras se tornou a maior pagadora de dividendos do mundo, tornando-se alvo de críticas do próprio presidente Jair Bolsonaro (PL) e da oposição ao governo, que acabou vencendo as eleições com a candidatura de Lula.
 

O último plano de negócios sob a gestão Bolsonaro mantém foco no pré-sal e na remuneração de acionistas. Foi elogiado pelo mercado, mas será revisto por Lula, que quer uma Petrobras mais integrada, com a retomada de investimentos em refinarias e se preparando para a transição energética.
 

Em suas projeções para os próximos cinco anos, a Petrobras espera ter uma receita entre US$ 180 bilhões e US$ 210 bilhões (R$ 936 bilhões e R$ 1,1 bilhão) nos próximos cinco anos. Deste total, entre US$ 10 bilhões (R$ 52 bilhões) e US$ 20 bilhões (R$ 104 bilhões) seriam de vendas de ativos, outro ponto criticado pelo programa de Lula.
 

Os dividendos previstos são divididos em dois itens: a parte equivalente a 60% do fluxo de caixa livre da companhia, de até US$ 70 bilhões (R$ 364 bilhões), e possíveis dividendos extraordinários de US$ 15 bilhões (R$ 78 bilhões).
 

Em teleconferência para detalhar os números com investidores nesta quinta (1º), o diretor financeiro da Petrobras, Rodrigo Araújo, defendeu a manutenção da estratégia em relação a planos anteriores, com foco em projetos mais rentáveis e na geração de valor.
 

E repetiu argumento que vem sendo usado pela companhia para rebater críticas aos elevados dividendos. “Mais da metade do que a companhia gera retorna para a sociedade brasileira”, afirmou.
 

No documento que entregou a Bolsas de Valores, a estatal diz que seu plano de negócios “demonstra o compromisso da Petrobras de ser uma companhia focada na geração de valor, com capacidade de investir, gerar empregos, pagar tributos e distribuir os seus ganhos para a sociedade e seus acionistas”.
 

“A companhia segue a trajetória de ser uma empresa cada vez mais saudável, sólida e resiliente, contribuindo para a geração de energia confiável e eficiente e para um mundo ambientalmente sustentável.”
 

O volume de investimentos previstos para os próximos cinco anos é 15% superior ao do plano anterior, divulgado no fim de 2021. Além desse valor, a empresa prevê gastar outros US$ 20 bilhões (R$ 140 bilhões) com aluguel de plataformas.
 

Do total de investimentos previstos, 83% seriam destinados a exploração e produção. As áreas de refino e gás e energia, com 12%. Outros 2% seriam gastos em comercialização e logística e 3% com despesas corporativas.
 

A área de refino, uma das prioridades apontadas pelo programa de governo de Lula, tem US$ 7,8 bilhões (R$ 40 bilhões) previstos. Quase metade é destinada a expansão e modernização de unidades existentes, incluindo a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, cuja expansão havia sido paralisada.
 

Há projetos também de produção de combustíveis mais sustentável, como o diesel feito com mistura de petróleo e óleos vegetais e o bioQAV (querosene de aviação), que será produzido em Cubatão.
 

Na quarta, antes do lançamento do plano, o coordenador da equipe de transição Maurício Tolmasquim disse que a decisão pela revisão do plano de negócios será tomada pelo novo comando da Petrobras, ainda não indicado pelo presidente Lula.
 

Nesta quinta, o diretor de Governança da Petrobras, Salvador Dahan, disse que não há impedimentos para a divulgação de novo plano de investimento no decorrer do ano, mas frisou que etapas internas a serem cumpridas, como análise dos investimentos e aprovações por comitês.
 

Além disso, reforçou, os projetos de investimento propostos têm que ser sustentáveis, não apenas do ponto de vista ambiental, mas também do ponto de vista econômico. E dependem também dos prazos para eleição de nova administração, que podem levar entre 40 e 60 dias. (BN)

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