Porque são cores opostas ao vermelho. Os médicos e enfermeiros passam muito tempo olhando para sangue e órgãos, o que tira a sensibilidade da visão para as nuances rósesas do interior do corpo.
Olhar para o verde ou o azul de vez em quando dá uma calibrada nas retinas e aumenta o contraste.
Antes de 1900, o padrão era branco. Ajuda com a limpeza, é claro, mais caiu em desuso porque, após encarar o vermelho por muito tempo, os profissionais enxergam a cor oposta – um verde meio turquesa ciano – quando olham para o branco.
Essa mancha de cor oposta é chamada de pós-imagem negativa. Teste em casa: fixe os olhos no cabeçalho da Super ou em qualquer outra coisa vermelha – e depois olhe para uma folha de papel ou parede branca.
A pós-imagem negativa tem uma explicação interessante. As células da retina responsáveis por captar cor, chamadas “cones”, vêm em três tipos.
Esses três tipos são especialistas, respectivamente, em captar ondas eletromagnéticas do espectro visível com baixa frequência (as cores próximas do vermelho), média frequência (as cores próximas do verde) e alta frequência (cores próximas do azul).
Eis o sistema de cores primárias RGB (red, green, blue), usado em toda tela de TV e computador.
O branco é a mistura das luzes verde, azul, e vermelha em quantidades iguais. Ou seja: o branco é todo o espectro visível expresso simultaneamente. Você vê branco quando seus três tipos de cones estão recebendo estímulos na mesma intensidade.
Quando você olha só para o vermelho por muito tempo, os cones vermelhos cansam.
E a luz branca que chega da folha ou da parede acaba sendo captada majoritariamente pelos cones verdes e azuis. A mistura das duas cores é o tal ciano.
O primeiro registro escrito de um cirurgião que optou por usar verde está em uma revista especializada sobre enfermagem publicada em 1914.
Por Maria Clara Rossini – Oraculo / Superinteressante