É principalmente uma questão de tamanho. E a correnteza do rio atrapalha, claro: o vento faz o serviço melhor em água parada.
Os oceanógrafos chamam de fetch a extensão da superfície de um corpo d’água (seja um oceano, rio ou lago) sobre a qual um determinado vento sopra numa direção praticamente constante. O tamanho das ondas que o vento é capaz de formar aumenta de acordo com a largura do fetch até um comprimento de 1.600 km (daí para cima, aumentar o fetch não é mais necessariamente sinônimo de ondas maiores).
Rios muito grandes e serenos – como o Rio da Prata, que separa a Argentina do Uruguai e tem 220 km de largura onde encontra o Atlântico – têm suas ondas, mesmo que pouco vistosas (o Ministério do Turismo do Uruguai insiste que, após tempestades particularmente fortes, dá para surfar em Montevidéu).
Na foz do Rio Araguari, no Amapá, era comum o fenômeno da Pororoca, no qual ondas se formavam graças ao encontro com as águas do Atlântico e se mantinham por dezenas de quilômetros. Surfistas que se aventuravam por lá conseguiam ficar em cima da prancha por até meia hora.
Nos últimos anos, contudo, a atividade pecuária (sobretudo a criação de búfalos) acabou criando valas e canais que drenaram o curso do rio e dissiparam o fenômeno. Ainda assim, surfistas continuam percorrendo a Região Norte em busca de outras pororocas.
por Bruno Vaiano / Superinteressante