Na última sexta-feira (4) o baiano Edson Bindilatti representou o Brasil de uma forma diferente. Para coroar sua quinta participação nas Olímpiadas de Inverno, o atleta de bobsled levou, pela segunda vez, a bandeira do Brasil durante a abertura da competição mundial.
“Estou muito feliz. Passa um filme na cabeça. Um atleta de alto rendimento quando treina para chegar aos Jogos Olímpicos e é convidado para levar a bandeira no Brasil na Cerimônia de Abertura, faz tudo valer a pena. Nos Jogos em que eu encerro a minha participação como atleta, estou saindo daqui realizado. É o maior reconhecimento que eu poderia ter”, disse o atleta, após a cerimônia de abertura dos Jogos de Pequim 2022.
Em conversa com o Metro1, o atleta nascido em Camamu, no sul da Bahia, contou sua história e falou dos planos para o futuro. A competição deste ano é a sua despedida das competições oficiais. “Não quero ser leviano de sair do esporte e não retribuir tudo que ele me deu”, diz.
Edson agora busca apoio financeiro para montar um centro de treinamento para esportes de inverno. O centro, que está sendo montado em São Caetano do Sul, em São Paulo, vai ser montado em um espaço cedido pela prefeitura.”A ideia é que não seja um centro não só de alto rendimento. É ser um centro de de inclusão social, trabalhar com jovens. Esse é o grande objetivo, sempre tentar retribuir tudo que o esporte me deu. Hoje sou formado em Educação Física, sou pós-graduado em treinamento esportivo. Tenho minhas coisas tudo graças ao esporte”, lembra.
A história com o esporte começou bem antes do encontro com o gelo. Atleta desde a adolescência, Edson passou por modalidades como basquete e futebol, mas foi no atletismo, que se encontrou. No Decathlon as primeiras vitórias nacionais e internacionais chamaram a atenção de quem estava querendo montar a primeira equipe brasileira de bobsled, em 1999. “A maioria dos atletas nos países das Américas vem do atletismo. Viram meus resultados e aí por ser uma prova explosiva, me chamara. Não sabia o que era, mas fui conhecer. Hoje eu estou aqui na minha quinta Olimpíada de inverno”, diz ele sobre o esporte, que muitos só conhecem pelo famoso filme ‘Jamaica Abaixo de Zero’.
As competições oficiais da modalidade de Bindilatti nos Jogos de Pequim ainda não começaram. Os treinos oficiais, que servem de classificatória, começam na próxima quinta-feira (10) e a competição segue até o dia 20. A expectativa, segundo o atleta, é grande. “Todo atleta que está numa competição quer medalha. A gente sabe o quão difícil é. Nós temos os pés no chão. Sabe que pra gente uma final seria importantíssimo. Histórico pro Brasil”, diz ele.
Apesar das expectativas, o atleta reconhece não se tratar de um desafio fácil. A modalidade está nos jogos desde 1924 e o Brasil só garantiu sua primeira participação em 2002, já com Edson na equipe. “É passo a passo. A gente vem evoluindo. Melhoramos muito, a gente saiu de dez segundos atrás dos primeiros colocados para menos de um segundo. Isso é muita coisa. A gente vem aprendendo”, reconhece.
Sangue baiano
Parte dos 11 atletas que compõem a delegação brasileira nos Jogos Olímpicos de Pequim. Edson é o único baiano. A relação com a Bahia, contudo, começou a ser construída apenas anos atrás. Adotado ainda bebê, o atleta se mudou para São Paulo, onde mora até hoje, com apenas um ano. Apenas em 2017 o baiano voltou a seu estado de origem para conhecer os pais biológicos. “Sempre quis entender de onde eu vim pra saber onde eu quero ir. Eu descobri que tenho mais irmãos, criei um vínculo legal. Foi muito emocionante conhecer eles”, conta o atleta que precisou adiar encontros anteriores por conta da agenda de competições.
Hoje, o desejo é aproveitar os holofotes olímpicos para chamar atenção para sua modalidade e para os demais esportes de gelo. “A gente tem mais visibilidade quando tá aqui nos Jogos Olímpicos, alguns meses que antecedem os jogos, A ideia é aproveitar ao máximo possível pros apoiadores entenderem que vale a pena às vezes investir no esporte de inverno porque, por mais que a gente seja um país tropical, existem esportes que a gente não precisa estar no gelo pra poder treinar. Precisamos desse espaço”, deseja.
Fonte: Metro 1