Porto Alegre: o que se sabe sobre a histórica enchente de 1941?

O episódio traumático, em que o Guaíba atingiu 4,76 m (contra os 5,31 m de domingo), motivou o Muro da Mauá e outras obras antienchente na capital.

 (fotosantigasrs/Flickr/Reprodução)

O lago (ou rio) Guaíba, que banha a capital gaúcha Porto Alegre, bateu um recorde histórico de 5,31 metros neste domingo. Até esta quarta-feira (8), a Defesa Civil do Rio Grande do Sul indicou que foram 95 mortos, 128 desaparecidos e 225,4 mil fora de suas residências.

Rua da região central de Porto Alegre (RS) durante a enchente de 1941
Foto: Acervo/Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo / Perfil Brasil

Segundo as autoridades, o número de cidades gaúchas atingidas pelo desastre pulou de 401 para 414, de um total de 497 municípios.

Apesar da água ter recuado alguns centímetros, para 5,26 m, o nível deve demorar vários dias para baixar. A tragédia atual remete a um episódio traumático na história de Porto Alegre: a enchente de 1941. Foi essa inundação que, na década de 1970, motivou a construção do sistema para controlar as cheias do Guaíba.

Como foi a enchente de 1941?
Até então, a pior enchente registrada em Porto Alegre ocorreu entre os meses de abril e maio de 1941. Segundo os registros do museu Joaquim Felizardo, a cidade enfrentou 24 dias consecutivos de chuvas intensas, entre os meses de abril e maio.

As chuvas elevaram os níveis de água nos rios Caí, Gravataí, Jacuí e Sinos, que desaguam todos no Guaíba. Porto Alegre enfrentou uma precipitação de 791 litros de água por metro quadrado, combinada com o transbordamento dos rios, inundando vários bairros. Um vento forte contrário à correnteza dificultou ainda mais o escoamento do Guaíba.

Naquela época, o nível do lago Guaíba chegou a 4,75 metros, segundo alguns relatos, enquanto outros mencionam 4,76 metros. A região central foi severamente afetada, com transporte apenas possível por barco. Locais como o Mercado Público, a Prefeitura e o aeroporto ficaram submersos, com pelo menos 1 metro de água.

Os registros históricos mostram que cerca de 70 mil pessoas ficaram desabrigadas, equivalente a cerca de um quarto da população da época.

Um terço dos estabelecimentos comerciais ficou debaixo d’água por aproximadamente 40 dias. A cidade ficou praticamente isolada, com alagamentos no porto, na estação ferroviária e no Aeroporto Municipal. O transporte precisou ser feito por barcos e canoas, já que não era possível o tráfego de pedestres e veículos.

Além da interrupção do abastecimento de água, a Usina do Gasômetro, responsável pela energia elétrica na cidade, enfrentou problemas, deixando a cidade às escuras.

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