A prefeita de Cachoeira, cidade do recôncavo da Bahia, Eliana Gonzaga de Jesus (Republicanos), de 52 anos, denunciou ter recebido ameaças de morte desde que começou a campanha, que terminou com a eleição dela, em novembro do ano passado.
Por causa das ameaças, Eliana de Jesus conta que já registrou dois boletins de ocorrência na delegacia de Cachoeira. Os casos são investigados, de acordo com a polícia da cidade.
Em entrevista ao G1, Eliana de Jesus, primeira mulher a ser eleita prefeita de Cachoeira, contou que as ameaças começaram ainda no período da campanha.
A gestora municipal ainda relatou que dois militantes, que eram bem ativos durante a campanha, foram mortos entre o final de 2020 e março deste ano. Um deles chamava-se Ivan Passos.
A prefeita afirmou que após a morte do militante, as pessoas da cidade comentavam que existia uma lista com o nome de várias pessoas ligadas a campanha dela que seriam os próximos alvos dos criminosos e que ela não assumiria o cargo.
Segundo Eliana de Jesus, ela ajudou várias pessoas a se mudarem para a região metropolitana de Salvador, para que se protegessem dos criminosos.
Entre as pessoas que precisou deixar Cachoeira estava o vereador Georlando Silva, que só voltou para a cidade do recôncavo baiano dois dias antes da posse da prefeita Eliana de Jesus, e ao permanecer no município, foi morto a tiros no dia 7 de março, na frente da delegacia da cidade.
“Eu tomei posse e seguimos a vida política. Quando foi no dia 7 de março, na véspera do Dia Internacional da Mulher, Georlando foi assassinado também, com 19 tiros na face”.
“Foi tão agressivo, o crime foi tão bárbaro, com um requinte de crueldade tamanho, que o rosto dele ficou tão desfigurado e o IML teve que fazer o envolvimento de toda face dele. Imprimimos uma foto dele em tamanho real para a sobrepor o rosto e velar o corpo”, contou
De acordo com a prefeita, a situação amedrontou ainda mais os funcionários da atual gestão. Ela disse que circula boatos que o nome dela, do marido e do filho também estão na lista de ameaçados.
A prefeita, que já foi vereadora do município duas vezes, afirma que não sabe o motivo das ameaças. Ela conta que não tem inimigos e que nunca tinha sido ameaçada antes da campanha para comandar a prefeitura da cidade.
“Esses crimes supostamente são políticos, porque eu nunca me vi em uma situação dessa antes de ganhar uma eleição para o executivo. Eu não tenho inimigos, não tinha até então, e de repente eu me candidato, foi uma eleição muito bonita, graças a Deus, com uma diferença de 2.535 votos”, contou.
Apesar das ameaças, Eliana conta que não tem pretensão de renunciar o cargo.
“Desistir jamais, o povo não elegeu uma covarde”, disse.
“O povo elegeu uma mulher de fibra, uma mulher de luta, que vem do movimento sindical, acostumada com a luta, com uma veia sindical. Sindicalista não recua, sindicalista avança sempre, com determinação, com foco, nós vamos vencer essa luta coletiva. Eu preciso exercer a função que o povo me credenciou”, completa a prefeita.
A prefeita Eliana Gonzaga de Jesus declara ao TSE a ocupação de agricultora e tem ensino médio completo. Ela tem um patrimônio declarado de R$ 137.974,67.
Eliana, do Republicanos, foi eleita prefeita de Cachoeira para os próximos quatro anos. Ao fim da apuração, Eliana teve 55,94% dos votos. Foram 10.448 votos no total. A gestora derrotou Tato, que ficou em segundo lugar com 42,37% (7.913 votos). (G1)