Presidente do União Brasil cancela convenção do partido em meio a uma guerra interna que inclui até ameaças de morte

Foto: Marina Ramos / Câmara dos Deputados

Em meio a uma intensa guerra interna, com direito a xingamentos, trocas de acusações e até ameaças de morte, o presidente do União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), adiou a Convenção Nacional que seria realizada na manhã desta quinta-feira (29), para escolha do novo comandante do partido. Bivar alegou que a eleição de hoje não possuía amparo no estatuto da sigla, e que violaria norma expressa, “colocando em risco a sua legalidade, validade e eficácia”.

A reunião que aconteceria nesta quinta seria para que os membros do Diretório Nacional escolhem o novo presidente entre três chapas: uma com o próprio Luciano Bivar, outra com o atual 1º vice-presidente, Antonio Rueda, e uma terceira com o nome de ambos. Rueda despontava como favorito para a eleição, mas nos últimos dias Bivar vinha articulando uma ofensiva para se manter no comando do partido.

O atual presidente alegou que o cancelamento da Convenção Nacional se deu por um vício no edital de convocação. Segundo justificou Bivar, uma vez que o estatuto do partido que estava em vigor era o registrado perante o Tribunal Superior Eleitoral no ano de 2020 (quando do registro da agremiação), e a alteração estatutária que antecipava a eleição efetivamente só foi julgada no último dia 27 de fevereiro, havia risco para a validade e eficácia das deliberações tomadas na Convenção desta quinta.

No mesmo documento em que cancelou a Convenção Nacional, Luciano Bivar marcou uma reunião da Comissão Executiva Nacional do União Brasil para o dia 27 de março. Na ocasião será discutida uma nova data para a realização das eleições internas do partido.

Nos últimos dias houve uma escalada na tensão e nos atritos entre Bivar e o vice Antonio Rueda. À imprensa, Bivar chamou Rueda de “covarde”, e disse ter “graves denúncias” sobre o seu correligionário.

“Denúncias [contra Rueda] têm aqui. Certamente vou abrir uma investigação no Ministério Público. Como as denúncias são graves, posso até levar ao Ministério Público, mas não posso antecipar, porque eu não sei se procede”, alegou.

A briga atingiu seu ápice após vir a público o áudio de uma conversa entre Bivar e Rueda na última segunda (26). Segundo o jornal O Globo, o deputado Elmar Nascimento (BA), líder da bancada na Câmara, teria relatado ameaças de Bivar a cerca de 20 congressistas da sigla.

Segundo O Globo, Elmar teria dito a colegas de partido ter ouvido a gravação da conversa entre os dois dirigentes. Nos áudios, Luciano Bivar teria feito ameaças e repetido que sabia onde Rueda morava, além de citar a rotina da família dele.

O presidente do União negou nesta quarta (28) ter feito ameaças à família de Antonio Rueda, e disse que a gravação foi editada. Em conversa com jornalistas, Bivar disse que o partido pode não apoiar Elmar Nascimento à sucessão de Arthur Lira (PP-AL) como presidente da Câmara dos Deputados.

Luciano Bivar afirmou que “se o Elmar continuar com esse comportamento dúbio, o partido lançará outro candidato”. O baiano Elmar Nascimento é o favorito de Arthur Lira para se eleger presidente da Câmara em 2025.

O União Brasil realizaria a sua Convenção Nacional nesta quinta completamente racho. Recentemente Rueda ganhou o apoio de nomes poderosos da sigla, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, cotado para assumir a vice-presidência. Bivar, por sua vez, passou a cobrar a fidelidade de aliados que eram filiados ao antigo PSL para se manter no poder.

O partido nasceu em 2022, da fusão do Democratas (DEM) com o Partido Social Liberal (PSL). Bivar é um representante da ala do PSL. O União é hoje o 7º maior partido do Brasil em número de filiados. A sigla busca fortalecer a sua estrutura partidária de olho nas eleições municipais deste ano.

Outro ponto importante para o partido é a eleição das mesas diretoras do Congresso Nacional no ano que vem. O União Brasil conta com os atuais favoritos para as posições: na Câmara, Elmar Nascimento, e no Senado, Davi Alcolumbre, do Amapá. (BN)

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