Promotora que apoiou Jair Bolsonaro nas eleições decide não atuar em investigação sobre Flávio

Foto: reprodução

A promotora de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro Carmen Eliza Bastos pediu para deixar o inquérito que investiga suposto crime de falsidade ideológica cometido pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos).

Em 2019, Bastos também se afastou da investigação sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes após ser revelado que ela apoiou a campanha de Jair Bolsonaro (sem partido) para a Presidência da República.

Dessa vez, a promotora alegou que, depois de analisar a investigação contra Flávio, “concluiu pelo acerto do pronunciamento dos três promotores eleitorais” pelo “arquivamento do inquérito policial”. Segundo nota do MP, os promotores entenderam que não houve crime do senador.

Com essa interpretação do caso, o MP informou que Bastos pediu para que outro promotor eleitoral fosse designado para o caso. A informação foi publicada pelo jornal O Globo e confirmada pelo G1. O texto do MP acrescenta que uma nova promotora já foi designada para o caso.

“O procedimento deu entrada na nova promotoria eleitoral na quarta-feira (12), e já está sendo analisado pela promotora Miriam Chor. O prazo indicado para a manifestação é até 24/05”, informou o órgão.

Além de ter apoiado a campanha de Jair Bolsonaro, Carmen Eliza Bastos foi madrinha de casamento da advogada de Flávio Bolsonaro.

Sobre a situação, a promotora se manifestou, em março, dizendo que “a relação pessoal com a profissional não a faz suspeita e em nada afeta sua imparcial atuação”.

Suposto crime eleitoral
A Promotoria Eleitoral para a qual Bastos tinha sido designada apura se Flávio Bolsonaro cometeu crimes de falsidade ideológica eleitoral ao declarar bens para a campanha a deputado estadual em 2014.

A investigação começou com a denúncia de um advogado sobre os valores pagos e declarados por Flávio de um apartamento na Zona Sul do Rio. A Polícia Federal abriu inquérito, mas informou não ter encontrado indícios de crime.

O promotor que até então era responsável pelo caso na Justiça Eleitoral pediu o arquivamento da investigação, mas o juiz eleitora Flávio Itabaiana discordou e o inquérito foi enviado para a Segunda Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público, em Brasília.

Em agosto do ano passado, o Ministério Público Federal decidiu que as investigações contra Flávio Bolsonaro na Justiça Eleitoral tinham que continuar. A partir da a ordem, o MP do Rio indicou um novo promotor para o caso: Taciana Carpilovsky.

Em janeiro deste ano, a promotora requisitou novas investigações à Polícia Federal, que tem 90 dias para atender ao que foi pedido. Depois disso, a promotora se afastou do inquérito para ocupar um posto na administração do MP.

No fim do mês passado, o novo procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, nomeou uma nova promotora para atuar no caso que envolve o filho do presidente. E o nome escolhido foi o da promotora Carmen Eliza Bastos, que já tinha tido a imparcialidade questionada exatamente por ter apoiado a candidatura de Jair Bolsonaro.

Os questionamentos sobre a conduta da promotora Bastos aconteceram em 2019, durante a atuação dela na investigação das mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Em fotos nas redes sociais, ela apareceu usando uma camiseta com o rosto de Jair Bolsonaro e a frase “Bolsonaro presidente”. Em outra postagem de 1º de janeiro, Carmen Eliza fotografou a cerimônia de posse de Jair Bolsonaro e escreveu na legenda: “há anos não me sinto tão emocionada. Essa posse entra naquela lista de conquistas, como se fosse uma vitória”.

E em mais uma foto, a promotora aparece abraçada com o deputado Rodrigo Amorim (PSL-RJ), que quebrou uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco. Depois da repercussão, Carmen Eliza pediu afastamento da investigação, na época.

A Corregedoria-Geral do MP abriu um procedimento para analisar as postagens da promotora, mas segundo o próprio MP, o caso foi suspenso.

Sobre a nomeação de Carmen Eliza para a Promotoria Eleitoral que acompanha o caso de Flávio Bolsonaro, o MP alegou que a promotora passou num concurso interno do MP. E, uma vez obedecidos os critérios objetivos, o procurador-geral não pode impedir a promotora de assumir o cargo. (Fonte: G1)

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