O Dia dos Namorados é comemorado nesta quarta-feira, 12 de junho, muito mais do que promover bons momentos para quem está em um relacionamento, a data serve também para refletir sobre as relações afetivas. Um dos fenômenos que hoje mais impacta esse aspecto são as redes sociais. Ao mesmo tempo em que contribuem para aproximar pessoas, ao encurtar distâncias e facilitar a comunicação – seja nos aplicativos de “paquera” ou nas redes sociais como Instagram, Facebook, Twitter e outras -, essas ferramentas também podem configurar desafios para aqueles que vivem um relacionamento.
O psicólogo da Holiste Psiquiatria Cláudio Melo salienta que um dos principais problemas relacionados ao uso das redes sociais é a falta de privacidade provocada pela superexposição.
“Todo mundo pode ver suas fotos, deixar comentários nas suas postagens, postar conteúdos em sua página e mais uma porção de possíveis interações disponíveis. Deste modo, conversas que antes aconteceriam de modo reservado, pessoalmente, as quais o conteúdo ficaria restrito apenas aos presentes naquele momento, acabam tomando grandes proporções e gerando desgastes no relacionamento”, destaca.
Para o psicólogo, esta superexposição não pode ser considerada a vilã dos relacionamentos: “Antigamente, quando não existia rede social, o que acontecia quando o casal estava em crise? Ambos começariam a sair mais, estabelecer novas relações, sair para outros lugares sozinhos, e isso também era motivo de briga, de discussão. O problema de hoje é que estas coisas ficam muito mais na cara. Por isso, não é a rede social que causa o problema, mas sim como as pessoas a usam”, pontua.
Troca de Mensagens
Outro ponto que Cláudio acredita ser importante é a forma compulsiva da troca de mensagens. Juntamente com a necessidade de estar conectado a todo o tempo, vem uma demanda por atenção constante e imediata.
“Este é um fato. Realmente a relação das pessoas com o tempo e o espaço se modificou muito. Você manda uma mensagem, se a pessoa não responde isso gera angustia, sensação de rejeição. No entanto pode ser que a pessoa apenas não possa responder naquele momento”, aponta o especialista.
O psicólogo afirma que não existe uma receita para a boa utilização das redes sociais, pois isso vai depender de cada indivíduo. Para casais que utilizam a rede e querem evitar conflitos, Cláudio ressalta a importância da privacidade e do respeito à individualidade na relação.
“Nós temos esta necessidade do particular, do individual. O grande problema das redes sociais é querer compartilhar os perfis com o parceiro ou a parceira. É preciso ter seu espaço de individualidade, tem que reservar um local para falar com os amigos, fazer coisas sozinho. Então, é muito importante se respeitar isto – às vezes se torna algo invasivo e que atrapalha muito os relacionamentos”, conclui Cláudio Melo.
O desafio da conexão
É cada vez mais comum que os relacionamentos sejam iniciados ou ocorram por longos períodos através das redes sociais. Para algumas pessoas, isso tornaria as relações mais superficiais, o que nem sempre é uma realidade.
Para André Dória, psicólogo da Holiste, independente do modo como um relacionamento se desenvolve, existe sempre o risco de decepções e frustrações. É preciso ter em mente que um relacionamento, seja ele presencial ou virtual, sempre envolve dois indivíduos com histórias de vida diferentes, com formas de pensar diferentes e anseios particulares. Além disso, não há como prever se a conexão entre duas pessoas vai durar ou não, se vai ser proveitoso ou danoso para ambas as partes.
Talvez, a principal característica do relacionamento por via de um aplicativo seja a praticidade e a velocidade com que ele se desenvolve. Se antes era necessário sair, conhecer alguém, conversar, trocar telefone, marcar um novo encontro, conversar mais um pouco para descobrir se existe uma afinidade com o outro, hoje, basta apenas dar uma olhada no perfil da pessoa, em algumas fotos, trocar “likes” e marcar um encontro.
“É algo que é da nossa realidade, da nossa contemporaneidade, e revela como as relações, hoje, se manifestam subjetivamente. Tem algo que lembra muito uma espécie de objetificação do outro, como se houvesse pessoas na prateleira e você vai escolher, de alguma forma, baseado no que você deseja. É um traço do nosso tempo, isso não é necessariamente bom ou ruim”, completa André Dória.
Informações: Litiane de Oliveira/ Executiva de Contas/ Agência de Textos Comunicação Corporativa