O reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Paulo Miguez, revelou em entrevista à Rádio Metropole nesta segunda-feira (4), que a instituição vive desafios para conciliar os recursos financeiros do orçamento com as demandas existentes na administração universitária.
Miguez ponderou que o maior problema existente atualmente na Ufba é a permanência de estudantes que usufruem das políticas afirmativas, como bolsa transporte e residência, e nem sempre conseguem esses recursos devido ao orçamento disposto.
“Em 2014 quando João Carlos assumiu a reitoria e eu como vice, o orçamento foi de 177 milhões. Este ano de 2023, tivemos orçamento de 135 milhões. Ou seja, a universidade cresceu, todos os seus contratos são reajustados anualmente por força de lei, com base na inflação, entretanto nosso orçamento diminuiu perto de 20%. É óbvio que diante desse descalabro orçamentário fica muito difícil você dar conta inclusive do maior desafio que é garantir a permanência de estudantes que entram através de políticas afirmativas. Posso dizer que esse é o grande drama que enfrentamos, certamente um dos desafios mais importantes que temos que enfrentar, porque parte significativa dos nossos estudantes, dois terços, dependem da universidade para fazerem a sua vida e nós estamos com um orçamento incapaz de dar conta desse desafio, o que é para nós certamente o maior problema”, declarou.
Sobre a evasão da graduação, Miguez disse que um dos principais motivos concentra-se na dificuldade de permanência, de forma que um problema acaba diretamente ocasionando o outro.
“[evasão] Ela existe, ela é grande e um dos elementos chaves para explicar a evasão no ensino superior é a permanência, a dificuldade que boa parte do nosso alunato tem para permanecer ativo na universidade. Para isso é preciso que a gente tenha orçamento, por exemplo, para dar conta das estruturas dentro da universidade que acolhem os desafios da permanência como as residências universitárias”.