SAJ: De uma escola com baixo índice do IDEB, veio um projeto vencedor de 2 prêmios que usa a água da mandioca

Imagem: Rede Bahia

O projeto de alunos de uma escola pública em Santo Antônio de Jesus fez um liquido venenoso da mandioca virá matéria prima para confecção de tijolos, foi notícia no Bahia Rural da TV Bahia.

Imaginem, sustento que vem da terra! Para fazer farinha cerca de 120 famílias santoantonienses dependem da produção da mandioca, das lavouras, às raízes vão para as casas de farinha, são 50 fábricas artesanais na região onde um dos alimentos preferidos pelos baianos é produzido, mais nem tudo é aproveitado. A água da mandioca, também chamada de manipueira, é extraída no processo de prensagem da mandioca para fazer a farinha, esse líquido possui ácido cianídrico que é nocivo a saúde humana e animal, quando é descartada de forma irregular na natureza pode prejudicar o meio-ambiente.

Contudo, os alunos da comunidade da zona rural de Mina do Sapé tiveram uma ideia, de reaproveitar a manipueira para fazer algo bem útil a comunidade: tijolos feitos de barro da água da mandioca. A aluna Isabela Barbosa aponta: “bastante interessante, por que o tijolo podemos aproveitar para fazer muitas coisas, podemos fazer algumas pequenas construções, como casa de cachorro, é muito mais utilizável”.

Com um pouco de água, barro tirado do próprio solo e a manipueira, os tijolos vão ganhando forma para quem já está acostumado com a vida no campo, “cada 4kg de barro utilizamos um litro e meio de manipueira e com isso é feito uma média de 4 a 5 tijolos. Um processo artesanal com custo zero. A manipueira é descartada adequadamente e o barro é encontrado de forma natural no solo. Na escola aqui do município construímos um canteiro e uma casinha de cachorro”, contou a outra estudante, Bianca Macedo. A aluna também revelou que além de fazer os tijolos é um processo de conscientização dos trabalhadores, “informar o homem do campo e os donos de casa de farinha que ao invés de descartar a manipueira em locais inadequados empobrecendo o solo, devemos reutiliza-la para o próprio consumo com o custo zero”, explicou Bianca.

As alunas são filhas de agricultores e estudam na Escola Municipal Ademário Francisco dos Santos, até 2017 a escola de ensino fundamental tem o menor índice de desenvolvimento de educação básica do município. A secretária de educação da cidade, professora Cíntia Reis citou a participação efetiva dos alunos nesta nova experiência, “um engajamento muito bom, tivemos também uma melhora no índice propriamente dito, o resultado que saiu em 2018 já aponta um avanço, e fizemos agora em 2019 a prova do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) estamos aguardando os resultados, mais nós já temos uma noção, quanto isso foi significativo, pois temos as atas de aprovação dos alunos do final do ano e temos visto também no dia-a-dia na rotina da escola uma mudança significativa em relação a disponibilidade do aluno, a motivação deles em aprender”, expôs.

Projeto vencedor em duas Feiras Municipais / Imagem: Rede Bahia

O projeto de reaproveitamento da manipueira foi realizado pelos estudantes do 9º ano da Escola e orientado pela professora de língua portuguesa, Ana Paula de Jesus disse ao Bahia Rural que o projeto deu tão certo que já foi vencedor de duas feiras de ciências municipais, concorrendo até com escolas particulares, “quando eles venceram a primeira vez, eles se esforçaram mais para continuar levando o projeto adiante, eles tem um bom futuro e espero que eles continuem, isso também incentivam os demais alunos que não participaram a trazer ideias novas, isso representa um futuro brilhante”, afirmou.

A comunidade de Mina do Sapé está de malas prontas para Recife/PE, onde vai representar Santo Antônio de Jesus em uma Feira de Ciências que envolve escolas de todo nordeste, mais que os prêmios é a mensagem levada por eles: “nosso colégio não tinha uma fama muito boa, aqui temos professores maravilhosos, só que ninguém via isso, depois desse projeto superamos mesmo e se a gente quer, a gente consegue”, finalizou a aluna Larissa Trapiá.

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Redação: Voz da Bahia

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