Na última sexta-feira (11) o Centro Histórico de Salvador foi palco de uma cena de violência proferida por um policial da Guarda Municipal a uma moradora local. Isso é o que relata a professora de dança afro e deusa do ébano do Ilê Aiyê, Gisele Soares, através das redes sociais. A ação truculenta de um agente teria ocorrido enquanto ela estava com mais três amigos em frente a uma banca de livros na rua do Ferrão.
Segundo Gisele, que se declara preta, mãe de família e mobilizadora social do Pelourinho, o guarda municipal chegou ao local querendo estacionar a viatura no passeio onde ela estava com os amigos. Por não perceberem que estavam impedindo o acesso à vaga e sem ouvirem nenhuma buzina ou manifestação do agente municipal para abrirem espaço, foram agredidos verbalmente. “Ele chegou sem dar uma boa tarde ou pedir licença. Foi de forma truculenta, xingando”, disse.
Ainda sem entender o que estava acontecendo e de maneira a buscar informações do agente, Gisele presenciou uma cena ainda pior, a saída do agente da viatura com arma nas mãos e indo na direção deles. “É muito doloroso ainda hoje lembrar o que aconteceu. Me senti totalmente coagida, oprimida e impotente com um guarda municipal com arma engatilhada na minha frente sem eu ter feito nada. Me agredindo verbalmente como se eu tivesse cometido um delito”, relata.
Muito abalada pelo ocorrido, Gisele que também é professora de dança da Fundação Cultural da Bahia, lembra que as pessoas que circulavam pelo Centro Histórico “passavam, olhavam e ninguém entendia nada”.
No vídeo de denúncia, ela diz buscar ajuda através das redes de apoio já que está se sentindo insegura nas ruas e com muito medo. “Eu moro aqui e esses guardas estão nas ruas todos os dias. Tenho certeza que se fosse um grupo de pessoas brancas em frente a livros elas não seriam tratadas dessa forma”
Em nota, a assessoria de comunicação da Guarda Municipal diz que já solicitou a apuração do fato, mas, sobre a possibilidade de uma abordagem ofensiva declara “que os agentes recebem treinamentos e orientações voltados para o combate ao racismo, em parceria com a Secretaria Municipal da Reparação”.
A assessoria afirma também que o agente será acionado para prestar depoimento, conforme previsto em lei, e que a denunciante também será convidada para formalização da denúncia para que os fatos possam ser apurados e esclarecidos pela Corregedoria da instituição.
Fonte: Bocão News