O deputado estadual Alan Sanches (Democratas) afirmou nesta terça-feira (21) que o médico Gilmar Calasans Lima, 55 anos, que trabalhou em Santo Antônio de Jesus no ano passado, vítima de complicações da Covid-19 em Ilhéus, tinha receita médica prescrita por profissional do Hospital Regional Costa do Cacau para uso da hidroxicloroquina (reveja aqui). Segundo Sanches, ao contrário do que afirmou o secretário da Saúde, Fábio Vilas-Boas, Gilmar não conseguiu o remédio por ser médico, mas porque foi prescrito por profissional da unidade de saúde do estado.
Em seu Twitter, o secretário disse que, “por ser médico, o paciente conseguiu acesso à hidroxicloroquina e azitromicina, dispensadas com receita médica e vinha em uso domiciliar”. Sanches rebateu: “Ele seguiu a orientação do hospital, de ficar em casa, cumprir o isolamento, estava conseguindo controlar em casa, mesmo com algum desconforto respiratório. Quando piorou, foi para o hospital. Seguiu todo o protocolo, e não foi isso que o secretário colocou”, ressaltou.
Entre amigos e familiares da vítima o clima é de revolta e insatisfação diante das declarações do secretário. Sanches conta que foi colega de turma de Gilmar na Escola Bahiana de Medicina. “Todos nós da turma, amigos e familiares ficamos revoltados, porque não era o perfil dele. Gilmar era um médico responsável, respeitado, e teve sim receita médica para uso da hidroxicloroquina. Não tem sentido acabar com a memória de Gilmar dessa forma irresponsável como a feita pelo secretário”, criticou.
Sanches afirmou que Vilas-Boas, mais uma vez, politiza questões que não podem ser politizadas neste momento. “O secretário é legista para apontar a causa-morte? Não é hora de fazer política com medicação ou o que quer que seja. Os amigos e os familiares estão sofrendo. Não se pode manchar a vida de um colega como se ele fosse irresponsável. Ao contrário: ele procurou outro médico e a medicação foi prescrita por cardiologista do Hospital Regional Costa do Cacau. Vilas-Boas mostra insensibilidade gigantesca como secretário e como médico”, ponderou Sanches.
A informação tem repercutido em grupos de médicos no WhatsApp, especialmente na região Sul. “Isto é um desrespeito à memória e reputação do colega falecido, e causa maior dor à família enlutada. Isto é uma infâmia, baixa e vil”, diz um colega de Gilmar. Amigos informaram que o médico era, sim hipertenso e diabético, mas se cuidava bem. Inclusive, teria realizado, em janeiro passado, uma avaliação cardiovascular com ecocardiograma, que não teria apontado nenhum problema no coração.