O segundo dia do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) seguiu a tradição de pautar temas da atualidade, como energia e meio ambiente, mas não abordou em nenhuma questão a pandemia de coronavírus.
A ausência da Covid era esperada em alguns cursinhos devido à necessidade de as questões da prova serem elaboradas com antecedência para serem pré-testadas.
Gabryel Real, gerente de processos avaliativos do SAS Educação, acrescenta outro motivo para a doença estar fora da prova: as descobertas são muito recentes, e o conhecimento sobre o vírus está em rápida e constante atualização.
Para ele, as provas de matemática e ciências da natureza refletiram a característica do Enem de priorizar habilidades em detrimento de conteúdo.
Dessa forma, foram valorizadas também neste segundo dia do exame interpretação de texto, assim como de gráficos e tabelas.
As questões tinham como objeto temas como dengue, extinção de espécies no Pantanal, carros elétricos e biocombustíveis.
A edição 2021 do Enem, terceira sob o governo Bolsonaro, foi marcada por uma série de percalços e controvérsias.
Após meses de escolas fechadas, e com novas regras de dispensa da taxa de iscrição, o número de inscritos na prova despencou.
Às vésperas da aplicação, dezenas de servidores do Inep pediram demissão de seus cargos de confiança, descontentes com a gestão do presidente da autarquia, Danilo Dupas, a quem acusam de assédio moral e de fragilidade técnica e administrativa.
Soma-se à debandada a ameaça constante de Bolsonaro de interferência ideológica nas questões.
Como revelou a Folha de S. Paulo, ele chegou a pedir ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, que o golpe militar de 1964 fosse chamado revolução na prova. O pedido não foi atendido, mas o tema sumiu do exame desde o início do mandato do presidente.