Sobre o crime na Feira de SAJ, comandante do 14º BPM aponta que foi em uma festa sem autorização: “ninguém avisou; mesmo assim, agimos rápido”

Foto: Voz da Bahia

Município recebe reforço da CIPE e Rondesp

Em entrevista nesta terça-feira (23), ao programa do Meio Dia e Meia do Voz da Bahia, o comandante do 14º BPM (Batalhão da Polícia Militar) de Santo Antônio de Jesus, coronel Edmundo Assemany, falou a respeito de um novo Comando Especial para combater o aumento da criminalidade no município.

O coronel conta que este aumento no número de mortes no município preocupa muito as autoridades policiais, “estamos intensificando nossas ações visando prevenir novos fatos e alcançar os autores de onde os casos ocorreram. Nosso objetivo é segurar os crimes que estão acontecendo. Ontem, conseguimos neutralizar integrantes de uma facção criminosa que estava vindo para nossa cidade, tentamos interceptar e eles seguiram uma tentativa de fuga, perderam o controle do veículo, invadiram um canteiro, tentaram fugir, trocaram tiro com as guarnições, foram baleados e levados para o HRSAJ, mas vieram a óbito”, relata.

CRIME NA FEIRA LIVRE:

O coronel afirma que sobre os dois homicídios que ocorreram no último domingo (21) no galpão de comida da Feira Livre (reveja aqui) que foi uma festa que não estava autorizada e que não houve nenhum aviso aos órgãos públicos, “ali não funciona no dia de domingo, tenho sempre avisado que os eventos precisam ser autorizado pelas autoridades municipais e de segurança. Alguém chega para regularizar o evento e a prefeitura precisa fazer o recolhimento das taxas municipais, disponibilizar os efetivos para verificar iluminação, trânsito, uso de solo, verificar os ambulantes… e isso tudo com a ajuda da polícia para que tenhamos um evento feito com segurança, de acordo com o que preconiza os órgãos públicos”, conta.

POLÍCIA AGE RÁPIDO:

Assemany explica que no mesmo domingo, as autoridades estavam com um policiamento reforçado no município, “mas como não é habitual ter festa naquela localidade estávamos com um foco nas áreas periféricas onde há maior número de registros, ocorrências policiais. Mas agimos rápido e na ação de ontem (saiba mais aqui), conseguimos localizar três indivíduos de uma facção que estava diretamente direcionada no caso da Feira. Os indivíduos não eram daqui do município, o que nos revela que as facções estão recebendo reforços de outros municípios por isso estamos com nossas operações policiais também nas rodovias. A cidade é cortada por rodovias importantes e a proximidade com Salvador e com Feira de Santana faz com que o município seja um importante polo de distribuição de entorpecentes”, explica.

MEDIDAS:

O coronel diz a população que às polícias estão atentas, “estamos trabalhando, as corporações têm nos enviados recursos para que possamos trazer mais policiais, para ampliarmos a capacidade de atendimentos, a quantidade de viaturas, de policiais. Acabei de falar com o coronel Alberto Piton e estamos recepcionando policiais do núcleo de inteligência para entendermos o que esta acontecendo do ponto de vista da intensificação dos confrontos e a intensificação das disputas pelos pontos do tráfico de drogas na cidade. Além da atuação com a Polícia Militar e Civil estamos com o auxílio do MP (Ministério Público), e ainda na semana passada tivemos várias reuniões com a promotora, com o juiz criminal, e o mesmo sinalizou que é necessária outra Vara Criminal no município devido a esse aumento de crimes”, afirma.

BLITZ:

Sobre a utilização de blitz para a captura de criminosos o coronel afirma que é uma atuação ampla, “não só com o objetivo de trânsito e regularidade de veículos, mas também para identificar indivíduos que podem praticar crimes, ou seja, é incontestável a abordagem de carros e motos. Mudamos as estratégias com blitz mais rápidas para evitar que as informações das operações seja dada ciência a esses criminosos”, garante.

O coronel afirma que a prefeitura com as autoridades têm um grande papel de direcionar e planejar estratégias para ter uma paz no município, “a prefeitura tem um papel de autorizar fiscalizações de trânsito, realizações de eventos, intensificar as ações da guarda municipal, e isso é de suma importância. O prefeito se colocou a disposição para o que ele pudesse ajudar e esperamos próximas reuniões para tratar essas questões de segurança pública de forma ampla, acredito que na quinta-feira (25) já tenhamos esses encontros”, fala.

REFORÇOS

Segundo Edmundo Assemany, devido ao aumento do índice de criminalidade no município, os agentes têm recebido reforços com policiamento de Operações Especiais, “tivemos uma semana extremamente intensa com várias ocorrências, apreensões de droga, armas de fogo e veículos que foram utilizados por esses criminosos. Logo depois do atentado mais alarmante que ocorreu na Feira Livre, intensificamos as nossas ações, recebendo reforços de tropas especializadas, especialmente da CPE (Comando de Policiamento Especializado), atendidas pela CIPE (Companhia Independente de Policiamento Especializado) Litoral norte e da Rondesp (Rondas Especiais) Leste”, contou.

O comandante do 14.º BPM relata na entrevista que já existe um projeto na Polícia Militar para combater a violência, onde haverá uma instalação de comando regional no recôncavo, sediado em Santo Antônio de Jesus, “esse comando regional vai trazer recursos estruturas e uma Rondesp especialmente para o recôncavo, vamos aumentar as abordagens a veículos, e as pessoas, e vamos também, criar uma situação para ocupar alguns bairros com intuito de sufocar o tráfico, para que não se comercialize, e que agente tenha uma queda das ações criminosas. Estamos aguardando a parte burocrática, e a parte de aprovação deste projeto, mas a ideia é de que haja sim a criação deste comando” declara.

COLOCAÇÕES:

O coronel assume que as fiscalizações as autoridades policiais são necessárias, mas sem excesso, “o exagero pode acabar causando uma certa inibição no policial em atuar. E estamos vendo também um certo cuidado e uma preocupação com o criminoso, hoje o criminoso é preso e passa por uma audiência de custódia, não deve ser preso, e invariavelmente os criminosos são postos em liberdade causando nos policiais um sentimento de ‘enxugar gelo’. Observamos uma certa falta de olhar para a vítima, precisamos observar isso, a culpa é do criminoso que deve ser julgado e condenado pelos seus atos. Temos que acabar com essa cultura de cuidado com o criminoso, criminoso deve estar na cadeia”, finaliza.

Reportagem: Voz da Bahia

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