Enquanto carros andam lentamente no asfalto que emoldura as margens do Dique do Tororó e motoristas contemplam a paisagem ou reclamam do preço da gasolina, Valério Santos amassa o pão molhado com farinha para mais uma tentativa de fisgar um bom peixe na água escura. Ele tem mais urgência do que um tanque de combustível na reserva. Em casa já não tem mais nada pra comer e ele precisa pescar alguma coisa para matar a fome da esposa e quatro filhos. No estado em que 1,8 milhão de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza, Valério se tornou mais um entre dezenas de pessoas que não enxergam mais o Dique como local de lazer e diversão. O cartão postal virou um meio de sobrevivência por meio da pescaria.