Garrafas de Coca-Cola: Decreto de Temer diminui cobrança de imposto sobre o refrigerante (Regis Duvignau/Reuters)
A Coca-Cola e outras fabricantes de refrigerantes acabam de vencer uma batalha importante na guerra com o governo federal criada após a greve dos caminhoneiros. O presidente Michel Temer publicou hoje um decreto que muda a cobrança de imposto sobre o xarope de refrigerante e, na prática, diminui a carga tributária sobre essas empresas. A disputa tem origem na greve dos caminhoneiros. Para ajudar a pagar o desconto no preço do diesel, o governo Temer mudou a cobrança de IPI sobre o xarope de refrigerante. A mudança na regra foi a seguinte: o xarope de refrigerante passou a pagar uma alíquota de 4% de IPI, ante os 20% que eram cobrados anteriormente. Aparentemente, portanto, é uma redução no imposto. Porém, muitas companhias do setor, em especial as grandes, produzem esse xarope na Zona Franca de Manaus, com isenção de tributos. Então, os 20% de IPI que seriam cobrados dessas companhias na verdade tornavam-se créditos para elas. O tema gerou pressão das grandes empresas sobre o governo, e chegou a circular a notícia de que a Coca-Cola ameaçava sair do país. Em entrevista a EXAME na época, a companhia negou. Com o decreto de hoje, Temer cede às companhias, diminuindo a arrecadação com bebidas açucaradas. O produto tem sido o foco de grupos preocupados com o aumento da obesidade no mundo todo. Aumentar os impostos é justamente uma das medidas sugeridas pela Organização Mundial da Saúde para reduzir e prevenir a obesidade e doenças relacionadas.
Tubaínas vs. Coca-Cola
A decisão do presidente desagradou os pequenos fabricantes de bebidas, que se reuniram com Temer ainda essa semana para falar sobre o tema. Em nota, a Afrebras (Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil) afirma que o crédito recebido pelas companhias instaladas na Zona Franca de Manaus “produz um diferencial de concorrência no setor capaz de penalizar os pequenos fabricantes”. “Não é a primeira vez que assistimos as gigantes do setor de bebidas influenciarem diretamente políticas tributárias que penalizam todo o setor. Temer promoveu equilíbrio tributário e concorrencial que o nosso setor, extremamente concentrado, precisava. Mas voltou atrás para beneficiar apenas duas empresas, as gigantes Coca-Cola e Ambev”, diz o presidente da Afrebras, Fernando Rodrigues de Bairros, no comunicado. (Exame)