Foto: Marcos Santos / USP Imagens
A tendência de envelhecimento da população brasileira não tem sido acompanhada por medidas que garantam os direitos desse público, sobretudo no âmbito da saúde pública. Para o presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Carlos André Uehara, um dos principais gargalos é a baixa oferta de políticas de cuidado para idosos que precisam de apoio, como os chamados centros-dia. Apesar de ocupar lugar de destaque no Estatuto do Idoso – que completou 15 anos nesta segunda-feira (1º) – a garantia de acesso à saúde é um dos itens que mais registra queixas por parte dessa população. Para Uehara, o modelo de saúde brasileiro “é do século passado”, focado em doenças agudas, infecciosas, que eram resolvidas com medicação. Hoje, entretanto, há uma prevalência de doenças crônicas não transmissíveis e que exigem um cuidado contínuo, ao longo de toda a vida. “Os serviços de saúde não foram pensados para a população mais idosa. Temos um modelo de saúde do século passado, quando o que predominava eram doenças agudas, infecciosas, que eram resolvidas com medicação e que eram autolimitadas. Hoje, a gente tem uma prevalência de doenças crônicas não transmissíveis que exigem um modelo de cuidado que deve ser contínuo, ao longo de toda a vida. Se antes o sistema de saúde tinha que estar preparado para tratar, por exemplo, pneumonia, resfriados e meningites, agora, são doenças como pressão alta e diabetes”, afirmou. Desde 2012, o Brasil ganhou 4,8 milhões de idosos superando, em 2017, a marca de 30,2 milhões de pessoas nessa faixa etária. Com o aumento da expectativa de vida dos brasileiros, a previsão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é que, em 2060, o índice de pessoas com mais de 65 anos no país passe dos atuais 9,2% para 25,5% – um em cada quatro brasileiros. Outro desafio, de acordo com o presidente da entidade, é a formação dos profissionais de saúde. “Ainda existem muitos profissionais em atuação e que, na sua formação, não tiveram o assunto específico sobre como cuidar do idoso. E ele tem várias peculiaridades”, pontuou. “É preciso treinar essas equipes que já estão em atuação com conhecimentos gerais em gerontologia, para que possam acompanhar essa população”. (BN)