Foto: Pedro Martins / MoWA Press
Neymar deixou a Copa do Mundo com a imagem queimada. O atacante foi criticado pelas atuações, pela forma como se manifestou, sempre por meio de redes sociais, e acabou elevando sua alcunha de “cai-cai” a um patamar jamais visto, com alcance mundial. Ao tentar amenizar a situação, o jogador escolheu um comercial produzido por um de seus patrocinadores para desabafar. O resultado não foi o esperado pelo staff do atleta, que viu uma nova avalanche de comentários contra sua atitude do camisa 10 do Paris Saint-Germain. Ou seja, o cenário não parece nada favorável a Neymar, tanto dentro quanto fora de campo. Nada disso, porém, impediu Tite de tomar uma decisão surpreendente. Na noite dessa quinta-feira, o técnico da Seleção Brasileira anunciou o fim do rodízio da braçadeira de capitão. A partir do amistoso dessa sexta, contra os Estados Unidos, em Nova Jersey, Neymar será o capitão fixo do grupo canarinho.
“O tempo passa, as pessoas crescem, amadurecem, nós somos seres humanos. Esse tempo todo, ele teve a consciência e o discernimento de seguir. Ele tem essa condição e dar um passo à frente, ele tem essa capacidade”, argumentou Tite, em entrevista coletiva após o último treinamento no estádio MetLife. “É uma liderança técnica, de alto nível. Amadureceu ao longo do tempo, tem sabido absorver situações, de erros e críticas que foram feitas, estamos sempre nos lapidando, somos incompletos. Eu da mesma forma. Ele é inteligente, tem tomado decisões importantes”, completou. Para o comandante brasileiro, Neymar segue sendo um “top 3”, independente da lista da Fifa. Tite reiterou a confiança em seu atleta de maior potencial, lembrou uma chamada bem absorvida por Neymar depois de um cartão amarelo por reclamação na Copa do Mundo e, por fim, deixou clara sua intenção de que Neymar volte a se relacionar com os torcedores por meio de um contato maior com a imprensa. Até então, as redes sociais vinham sendo o único caminho utilizado pelo agora capitão da Seleção.
“Ele colocou a mim em uma conversa: ‘às vezes é difícil, tenho dificuldade de me expressar’. E eu disse: ‘não menospreza a tua capacidade. Olha o que tu estás dizendo para mim’. Vai ser legal vocês (imprensa) estarem mais próximos ao Neymar, ele poder passar essas situações, ele também vir aqui se mostrar, colocar para fora. O garoto que vai no fim do jogo e te abraça, quer te ouvir. O cronista quer ver tua ideia”, concluiu o treinador. Neymar pediu para não ser mais capitão da Seleção Brasileira depois da conquista do ouro olímpico, em 2016. À época, sua representatividade para a função era muito questionada. Tite voltou a dar ao seu craque a braçadeira em março de 2017, na Arena Corinthians, no jogo que marcou a classificação do Brasil ao Mundial da Rússia, diante do Paraguai. “Naquele momento eu estava totalmente pressionado, dificilmente alguém nessa sala já passou o que eu passei, não só durante as Olimpíadas, mas por todos esses anos. Mas a Olimpíada foi, sim, de pressão. E o pós Copa do Mundo também, onde fui alvo de muitas críticas ruins e não me senti bem para falar, e quando não estou bem em falar, prefiro ficar calado. O silêncio é a melhor resposta, e minha melhor resposta para vocês tem de ser dentro de campo. Não importa se eu sou capitão ou não”, relatou Neymar, ao lado de Tite na bancada. “Resolvi aceitar novamente porque aprendi muita coisa e vou aprender muito mais. Essa responsabilidade vai fazer bem para mim. Eu amadureci durante esse tempo e sei que posso exercer essa função agora”, garantiu o camisa 10. (Gazeta Esportiva)