asil, a trombose apresenta uma incidência alarmante, com cerca de 180 mil novos casos registrados anualmente. Essa condição se destaca como um fator significativo de morbidade e mortalidade, sendo responsável por um grande número de hospitalizações, especialmente entre idosos, pacientes acamados ou aqueles que passaram por cirurgias recentes. Essa foi a mensagem da cirurgiã vascular Suzanna Sanches, que alerta sobre os riscos associados à trombose.
A trombose é caracterizada pela formação de coágulos sanguíneos que obstruem a circulação, podendo ocorrer em diversas partes do corpo, sendo mais frequente nas pernas (trombose venosa profunda) e nos pulmões (embolia pulmonar). O Dia Mundial da Trombose, celebrado em 13 de outubro, é uma data dedicada à conscientização sobre essa doença, que causa muitas mortes evitáveis. A Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) descreve a trombose como um “problema de saúde global, silencioso e frequentemente fatal”, com uma média de 113 internações diárias no Brasil.
A trombose venosa se desenvolve quando coágulos de sangue se formam dentro das veias, principalmente nas extremidades inferiores, comprometendo o fluxo normal do sistema cardiovascular. Essa condição pode se manifestar por meio de manchas arroxeadas ou avermelhadas na pele, acompanhadas de desconforto, dor e inchaço.
Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que uma em cada quatro mortes está relacionada a condições causadas pela trombose, incluindo infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).
A médica baiana, que se dedica à prevenção e tratamento da trombose tanto na rede pública quanto na privada, ressalta que, além das mortes, a condição pode gerar complicações sérias em sobreviventes, como a síndrome pós-trombótica, que afeta a qualidade de vida e provoca sintomas crônicos, como dor e inchaço nas pernas. “Pacientes que enfrentam uma trombose ou embolia pulmonar têm um risco maior de sofrer novos eventos tromboembólicos ao longo da vida, o que exige monitoramento contínuo e, muitas vezes, o uso prolongado de anticoagulantes”, afirma Sanches.
A especialista também explica que, clinicamente, a trombose muitas vezes não apresenta sintomas evidentes, o que dificulta o diagnóstico precoce. Quando há sinais, eles podem incluir inchaço, dor e calor na região afetada. Na embolia pulmonar, os sintomas podem ser ainda mais graves, como dor no peito, dificuldade para respirar e aceleração dos batimentos cardíacos, enfatizando a necessidade de atenção médica imediata.
A prevenção se destaca como uma das principais estratégias no combate à trombose. Medidas simples, como evitar longos períodos de imobilidade, manter uma dieta balanceada, praticar atividades físicas regularmente e realizar acompanhamento médico são essenciais para reduzir os riscos. Pacientes com histórico familiar, fumantes, aqueles em tratamento contra o câncer, com sobrepeso, mulheres que usam anticoncepcionais, gestantes e no puerpério devem ser avaliados com ainda mais cuidado.
“A trombose é uma doença séria, mas que, na maioria dos casos, pode ser prevenida. Existem muitos recursos e tratamentos disponíveis. E tudo começa com o acesso à informação”, conclui Sanches.