Unicef lança Busca Ativa Vacinal, estratégia para enfrentar retrocesso na imunização infantil

Foto : Reprodução / Unicef

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lançou, nesta quarta-feira (7), a Busca Ativa Vacinal (BAV), estratégia que visa contribuir com os municípios das regiões Norte e Nordeste para encontrar crianças menores de 5 anos que não foram vacinadas ou estão com a vacinação atrasada, e tomar as medidas para que elas recebam todas as doses e cresçam protegidas de doenças evitáveis.

Ambos os territórios apresentam os indicadores mais baixos de imunização infantil. Em todo o Brasil, três em cada dez crianças não receberam vacinas necessárias para protegê-las de doenças potencialmente perigosas. 

Desenvolvida em parceria com a Pfizer e com apoio da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, a proposta da BAV é contribuir para que cada um dos 2 mil municípios envolvidos trabalhe de forma intersetorial, reunindo representantes de diferentes áreas em prol da vacinação infantil. 

Uma plataforma digital, gratuita, será usada para apoiar os agentes locais na identificação, no registro, no monitoramento de crianças não imunizadas e na tomada das medidas necessárias para as atualizações de vacinação.

A estratégia conta, também, com programas de capacitação online e gratuitos, voltados a agentes comunitários de saúde, a visitadores domiciliares de outras áreas e todos os atores envolvidos na imunização infantil.

No Brasil, as coberturas vacinais vêm caindo desde 2015, colocando o país em alerta para o perigo do retorno de doenças evitáveis. A cobertura da vacinação contra a poliomielite caiu de 98,3% em 2015 para 70,2% em 2021. A cobertura da primeira dose (D1) da vacina tríplice viral – que protege contra sarampo, caxumba e rubéola – caiu de 96,1% para 74,4% no mesmo período. 

E a cobertura da vacina pentavalente – contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e contra a bactéria haemophilus influenza tipo b – passou de 96,3% para 70,6%. Para a maioria das vacinas, a cobertura vacinal deve alcançar 95% ou mais, para que todas as crianças fiquem protegidas.

Entre os dez estados com as mais baixas taxas de cobertura vacinal contra a poliomielite em 2021, nove estão nas regiões Norte e Nordeste (Amapá, 44,4%; Roraima, 50,2%; Rio de Janeiro, 54,1%; Pará, 55,8%; Maranhão, 61%; Acre, 61,5%; Bahia, 61,6%; Amazonas, 66,7%; Pernambuco, 67,3%; Paraíba, 68,8%).

O declínio das coberturas vacinais no Brasil, explica o Unicef, deve-se a muitos fatores, incluindo um número crescente de crianças que vivem em ambientes de vulnerabilidade – onde o acesso à imunização é, muitas vezes, desafiador –, aumento da desinformação e desafios relacionados à covid-19, como interrupções de serviços e da cadeia de suprimentos.

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