A cantora Ana Paula Valadão, líder do grupo Diante do Trono, falou sobre a sua participação no Retiro de Composição do Revere Life, em Nashville, nos Estados Unidos, onde teve a oportunidade de refletir questões referentes ao contexto da música gospel na atualidade.
Segundo a cantora, o uso comercial da música cristã, assim como o estrelismo dos cantores e bandas, terminou prejudicando a essência da adoração a Deus. Para Valadão, a indústria da música gospel corrompeu esse aspecto.
“Nos últimos 100 anos conseguimos mudar a essência da adoração que estava presente há 2 mil anos e até mais, pelos 6 mil anos de adoração na Terra. Nós nos tornamos estrelas da música cristã. A indústria da música gospel corrompeu e corroeu esta essência”, disse ela.
Entre os aspectos observados por Valadão, duas coisas lhe chamou atenção. Primeiro, o uso de alguns termos que, em sua opinião, podem minimizar a figura de Deus no que diz respeito a sua real natureza, como a palavra “Pai”.
Para a cantora, a música gospel que enfatiza essa expressão leva “a uma intimidade sem nenhuma reverência e temor. Porque esse pai se tornou quase uma figura de avó, sem nenhuma disciplina”.
A segunda observação é quanto às canções onde o próprio ser humano acaba se tornando o centro da adoração, não necessariamente como um objeto de culto, propriamente, mas como uma figura central que termina desviando o foco do louvor, o qual deve ser exclusivo para Deus.
“Chegamos a uma canção que fala muito mais da minha intensidade em adorar. ‘Eu quero te adorar, eu amo te adorar’. Falamos muito do eu, mas falamos muito pouco Dele”, disse ela.
Por fim, Ana Paula Valadão lembrou sobre a grande responsabilidade que pessoas como ela e outros compositores da música gospel possuem, uma vez que tais canções são instrumentos de adoração entre o ser humano e Deus. Ela mesma disse que refletiu muito quanto ao seu papel na história do gospel brasileiro.
“Eu repensei muito de meus valores. Tudo teve o seu lugar na história, mas muitas vezes, o que nós fazemos é afastar as pessoas do ideal”, disse ela em seu perfil no Instagram.
“Então, quanto mais nós trouxermos nossas canções para a realidade, que pode ser reproduzida e que pode inspirar outros, quanto mais nós fizermos isso, mais vamos estar alinhando nosso coração com o coração do Senhor”, concluiu.
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por Tiago Chagas / Gospel +