Vendas do livro ‘O Avesso da Pele’ crescem mais de 1400% após recolhimento em escolas

Os estados do Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul anunciaram a retirada da obra literária das escolas sob o argumento de que o romance teria ‘linguagem imprópria’.

Créditos: Divulgação

O romance ‘O Avesso da Pele‘, do autor Jeferson Tenório, teve aumento superior a 1400% em suas vendas em comparação à primeira semana do mês de março, segundo dados da Amazon.

A maior procura pela obra literária coincide com o fato de pelo menos três estados – Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul – terem anunciado a retirada dos exemplares das escolas, depois que uma diretora escolar do Rio Grande do Sul questionou passagens do livro que tocam no tema da sexualidade.

No caso do Mato Grosso do Sul, o estado anunciou o recolhimento imediato da obra, sob determinação do governador Eduardo Riedel (PSDB). Em nota, a Secretaria de Educação afirmou que a medida se deu em função de ‘expressões consideradas impróprias’ para menores de 18 anos. Ainda de acordo com a pasta, os exemplares recolhidos serão encaminhados para o acervo da Secretaria de Educação.

Goiás anunciou a retirada alegando que a obra passaria por uma análise, a fim de definir se o livro poderia ou não ser distribuído às escolas. A mesma justificativa foi utilizada pelo governo do estado do Paraná.

Nesta segunda-feira 11, o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD) negou que o estado promova censura à obra  disse que o conteúdo será analisado à luz do Estatuto da Criança e do Adolescente.

“Não houve censura. Por sinal, o autor [Jeferson Tenório] é muito reconhecido, né? A discussão é só sobre uma ou outra página que tem um conteúdo um pouco mais erótico”, disse à coluna Painel, da Folha de São Paulo, ao participar de evento no Palácio do Iguaçu sobre liberação de recursos ao Ensino Superior.

“O Conselho [de Educação] do Estado vai analisar se é apropriado para crianças de 12, 13, 14 anos. Não existe censura. Pelo contrário, queremos que todos os livros possam ser utilizados, desde que esteja adequado à idade”, completou.

A obra literária integra o Programa Nacional do Livro Didático do Ministério da Educação que, em manifestação sobre o caso, afirmou que a permanência no programa é voluntária e que “as escolas podem escolher de forma democrática os materiais que mais se adequam à sua realidade pedagógica, tendo como diretriz o respeito ao pluralismo de concepções pedagógicas”.

Ana Luiza Basilio / Repórter do site de CartaCapital

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