O vice-presidente do Bahia, Vitor Ferraz, pediu cautela com o laudo de leitura labial encomendado pelo Flamengo. O clube carioca divulgou nesta terça-feira (22) um documento mostrando que Indio Ramírez também teria insultado o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, durante a partida do último domingo (20), pelo Brasileirão. Para o dirigente é preciso analisar detalhes de como e quem fez o estudo e pediu o direito de defesa do colombiano.
“A gente não teve acesso, apenas pela mídia. Mais uma vez isso precisa ser tratado com toda cautela. Entender qual foi o método utilizado para se chegar a essa conclusão, quem foram os profissionais que trabalharam nesse entendimento e dar também a oportunidade do atleta a ampla defesa ao contraditório. O que não pode acontecer é a condenação sumária. Embora sejam acusações graves e precisem de todo rigor na apuração, mas do outro lado é preciso garantir a ampla defesa ao contraditório. Mais uma vez tem que analisar isso com muito cuidado, quais foram os critérios e a forma como se chegou a esse entendimento. A gente vai dar continuidade aquilo que já temos feito, ampliar a nossa análise, a partir desse novo fato. Agora, gera uma estranheza o fato de que não detectou qualquer imagem que indique a ocorrência do fato originário e agora se busque um segundo fato. Isso precisa ser analisado com muita cautela”, afirmou em entrevista ao programa BN na Bola da Rádio Salvador FM 92,3.
Vitor Ferraz também falou do afastamento de Ramírez do elenco do Tricolor desde a madrugada da última segunda (21). Logo após a acusação feita por Gerson de injúria racial. Segundo ele, a decisão foi tomada para dar tranquilidade necessária ao atleta para enfrentar a acusação feita por Gerson, do Rubro-Negro carioca. O dirigente ainda destacou que tanto ele quanto o presidente Guilherme Bellintani tem mantido conversas com o colombiano, além de dar todo o suporte ao jogador e sua família.
“A complexidade do tema gera uma controvérsia. A gente precisa entender que as visões diferentes que as pessoas vão ter geram críticas e elogios, independente da posição que o clube está adotando. O nosso entendimento inicial foi afastar o atleta para preservá-lo para estar num ambiente tranquilo para enfrentar esse processo. A gente sabe que uma acusação dessa, ainda mais nessas circunstâncias ganha uma projeção muito grande até mundial, e é preciso que haja tranquilidade para apurar tudo que aconteceu. Eu e Guilherme Bellintani estivemos com o atleta algumas vezes, inclusive na casa dele, para conversar, ouvi-lo e explicar para ele, já que não é brasileiro, todas as circunstâncias envolvidas, as possíveis consequências. Estamos dando suporte ao atleta, disponibilizamos o nosso serviço de psicologia para que faça um atendimento a ele e a família. E em paralelo a isso, estamos buscando todas as providências para ter o melhor esclarecimento possível em relação ao que de fato aconteceu. Solicitamos todas as imagens da partida para que a gente consiga exaurir ao máximo tudo que é possível para tomar a decisão mais respaldada”, explicou.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) solicitou ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) uma investigação do caso. A questão também virou inquérito policial. Na manhã desta terça, Gerson prestou depoimento na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, no Rio de Janeiro. O próprio Indio Ramírez, o técnico Mano Menezes e o árbitro do jogo Flavio Rodrigues de Souza também serão intimados a depor.