O dia 27 de novembro é considerado Dia Nacional de Combate ao Câncer e o que pouca gente sabe é que muitos são os pacientes com tumores malignos que apresentam risco de trombose venosa e embolia pulmonar durante a evolução da doença.
Atualmente, muitos estudos estão sendo realizados para definir com mais exatidão a prevalência de Tromboembolismo Venoso (TEV), associado ao câncer. Estudos relatam que pacientes que desenvolveram TEV foram diagnosticados com algum tipo de câncer, nos 12 meses subsequentes, sendo esta a primeira manifestação de um câncer ainda oculto.
Alguns tipos de câncer têm maior risco de eventos trombóticos do que outros. O câncer de pâncreas, ovário, linfoma, pulmão e tumores do trato gastrointestinal costumam ter uma maior incidência. Para o médico angiologista Paulo Menezes Filho, é importante lembrar que “entre os casos de trombose venosa sem uma causa aparente, 20% será relacionada a algum câncer, ou seja, a trombose pode ser a primeira manifestação de um tumor.
Dessa forma, uma investigação clinica direcionada para rastreio de câncer após um evento trombótico sem um fator de risco aparente, podem levar ao diagnóstico mais precoce de uma neoplasia, aumentando as chances de sucesso do tratamento oncológico”.
Além disso, existe uma importante interação entre as especialidades de Cirurgia Vascular e Oncologia, muito em função da prevalência da doença tromboembólica venosa no paciente oncológico.
“O câncer é um importante fator de risco para desenvolvimento de trombose venosa, pois induz um estado de hipercoagulabilidade, que ativa o sistema de coagulação e pode acarretar a trombose e embolia pulmonar. Pacientes com diagnóstico de câncer apresentam um risco de 5 a 7 vezes maior de trombose venosa profunda do que pacientes sem câncer e, cerca de 15% dos pacientes diagnosticados com algum tumor, irá desenvolver quadro de trombose venosa ou embolia pulmonar durante sua vida”, destaca o médico, que integra o Núcleo de Angiologia e Cirurgia Endovascular da Bahia (NACE).
Segundo ele, a embolia pulmonar representa a segunda causa de mortalidade entre os doentes oncológicos.
Tratamento e prevenção – No tratamento de um paciente com trombose venosa profunda com câncer, o angiologista tem um papel importante, fazendo o diagnostico precoce e instituindo o tratamento adequado, evitando a extensão da trombose e reduzindo o risco de uma embolia pulmonar.
Além disso, também é a especialidade que cuida dos acessos para quimioterapia, conhecidos como Portocaths, cateteres implantados nos pacientes oncológicos com indicação de quimioterapia que permitem uma melhor qualidade de vida durante o tratamento.
O tratamento dos quadros de trombose venosa profunda e embolia pulmonar basicamente consiste na utilização de medicações conhecidas como anticoagulantes. Essas medicações atuam inibindo o sistema de coagulação, impedindo que ocorra aumento do trombo (coágulo) e evitando que ele se desloque para o coração e para circulação pulmonar, quadro conhecido como embolia pulmonar, que representa a terceira causa de mortalidade entre as doenças cardiovasculares e segunda principal causa de óbito entre os pacientes com câncer.
Porém, em pacientes que apresentam sangramentos relacionados ao uso dos anticoagulantes, seja ela hemorragia cerebral, gastrointestinal ou urinária, os anticoagulantes podem piorar o quadro hemorrágico, o que pode ser fatal.
Nestes casos, deve-se avaliar a suspensão da anticoagulação e o cirurgião vascular deve ser acionado para definir a indicação de um procedimento minimamente invasivo que serve para impedir o deslocamento do trombo para o pulmão, mesmo sem o uso dos anticoagulantes, conhecido como Filtro de Veia Cava.
Desta forma, o cirurgião vascular deve participar do tratamento dos pacientes oncológicos com trombose e embolia pulmonar e indicar o procedimento mais apropriado para cada situação e paciente.
(Bahia.Ba)