Em depoimento à CPI da Covid no Senado nesta sexta-feira, 25, o deputado federal Luis Miranda (DEM) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) tinha conhecimento de “práticas irregulares” dentro do Ministério da Saúde.
Ao ser questionado pelo senador e relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-MA), o deputado disse ao receber a denúncia do esquema da Covaxin, relatado pelo seu irmão, o servidor Luís Ricardo Miranda em depoimento também na tarde de hoje, informou diretamente ao presidente Jair Bolsonaro no dia 20 de março.
“O presidente falou com clareza que iria encaminha ao Diretor-Geral da Polícia federal. E ainda citou que isso seria rolo de um deputado, que eu não lembro o nome. Mas o presidente sabe e teria me poupado de passar todo esse constrangimento”, afirmou.
O contrato, para a aquisição de 20 milhões de doses do imunizante no valor de R$ 1,6 bilhão, é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF). O governo não chegou a efetivar o pagamento e nenhuma das doses acertadas foi entregue até agora.
Miranda, que chegou ao Congresso usando um colete à prova de balas, disse ainda que também informou o ex-ministro e general da ativa, Eduardo Pazuello, das irregularidades na negociação da Covaxin durante uma viagem oficial para busca de vacinas em uma aeronave da FAB.
“Comentei que a situação era grave. Ele olhou para mim com cara de descontentamento e que tinha conhecimento sobre várias irregularidades. Que tentava coibir e tinha certeza que seria exonerado”, pontuou.
Questionado pela representante da bancada feminina, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), se o presidente Bolsonaro também teria conhecimento dessas irregularidades, Miranda respondeu positivamente.
“Ele entendeu que era algo que externava o nível administrativo e que levaria para a Polícia Federal. Entendi que ele já tinha conhecimento dessa prática no ministério”, afirmou.
Miranda questionou ainda a reação do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, que anunciou abertura de investigações contra o deputado e seu irmão.
“A gravação e o desespero do ministro Onyx me causa estranheza. Não entendo por que ele se enraiveceu tanto com pessoas que querem combater o desvio de dinheiro público”. (A Tarde)