Um tiroteio na rota do desfile do feriado de 4 de Julho em Highland Park, um subúrbio abastado de Chicago, deixou ao menos seis pessoas mortas e 24 feridas na manhã desta segunda (4), informou em entrevista coletiva a polícia local.
Centenas de pessoas correram para se proteger ao ouvirem os tiros, que começaram cerca de dez minutos após o início do desfile, realizado para comemorar a independência dos Estados Unidos. Ainda de acordo com as forças de segurança, o atirador estava posicionado em um telhado e usou um rifle, que foi apreendido. A polícia alertou que ele ainda está à solta.
Os festejos foram em seguida cancelados pela prefeitura de Highland Park, cidade localizada 40 quilômetros ao norte do centro de Chicago e lar para cerca de 30 mil pessoas, a maioria branca.
“Em um dia em que nos reunimos para celebrar a comunidade e a liberdade, estamos lamentando a perda, a trágica perda da vida e lutando contra o terror que nos foi trazido”, disse a prefeita de Highland Park, Nancy Rotering.
O Departamento do Xerife pediu que o público liberasse o local do desfile para que a polícia e os socorristas pudessem fazer seu trabalho. A prefeita de Chicago, Lori Lightfoot, informou que policiamento extra será feito nas zonas oeste e sul de Chicago.
Amarani Garcia, testemunha que estava no desfile com sua filha pequena, contou à afiliada local da ABC ter ouvido um tiroteio nas proximidades, depois uma pausa para que supostamente o atirador recarregasse a arma, e depois tiros novamente.
Havia “pessoas gritando e correndo. Foi realmente traumatizante”, disse Garcia. “Eu estava muito apavorada. Eu me escondi com minha filha na verdade em uma lojinha. Isso só me faz sentir que não estamos mais seguros.”
Highland Park contabilizou 98 crimes violentos por 100 mil habitantes, menos de um quarto da taxa em todo o estado, segundo estatística do FBI de 2019, a mais recente disponível.
O deputado Brad Schneider, cujo distrito eleitoral inclui Highland Park, disse que ele e sua equipe de campanha estavam se reunindo no início do desfile quando o tiroteio começou. “Ouvi sobre a perda de vidas e outros feridos. Minhas condolências às famílias e entes queridos. Minhas orações pelos feridos e pela minha comunidade”, escreveu Schneider no Twitter. “Já chega!”
O atentado acontece num momento em que a violência armada está fresca na mente dos americanos —em 24 de maio, um atirador matou 19 crianças em idade escolar e dois professores em Uvalde, no Texas. Poucos dias antes, um ataque tirou a vida de dez pessoas em um supermercado em Búfalo, no estado de Nova York.
Os massacres colocaram o acesso a armas mais uma vez em debate no país, a poucos meses das eleições legislativas, em novembro, o que levou à elaboração de um acordo bipartidário com novas restrições a posse de armas, aprovado pelo presidente Joe Biden no final de junho.
A medida representa a maior mudança na Legislação do país sobre o tema desde a década de 1990, incluindo maior checagem de antecedentes de compradores de armas e destinando mais recursos federais a programas de saúde mental.
Ainda que considerada modesta por parte do Partido Democrata, a nova legislação é o maior avanço no controle de armas nos últimos 30 anos, quando foi adotada uma restrição ampla a armas de assalto, capazes de disparar mais tiros em menos tempo. A medida, no entanto, expirou em 2004 e não foi renovada.
Na checagem de antecedentes, a lei prevê que a avaliação para compradores de armas menores de 21 anos passe a ser feita em até dez dias úteis, para que as autoridades tenham mais tempo de rever o histórico de infrações escolares e de saúde mental. O texto determina também a ampliação do poder de autoridades para confiscar armamentos de pessoas que estejam agindo de modo ameaçador.
A lei define ainda mais verbas federais para reforçar a segurança em escolas, ampliar programas de saúde mental e iniciativas para identificar pessoas que possam cometer ataques a tiros.