Depois que o Irã lançou um ataque com mais de 200 drones, mísseis balísticos e mísseis de cruzeiro contra Israel neste sábado, o governo brasileiro está sob alerta e já acionou a Força Aérea Brasileira (FAB) para eventuais repatriações de brasileiros de Tel Aviv, Amã e Teerã em caso de escalada do conflito. O Itamaraty disse que acompanha o conflito com “grave preocupação”, enquanto o governo israelense e os Estados Unidos agiram conjuntamente para repelir o ataque. A missão permanente do Irã na sede da Organização das Nações Unidos (ONU) afirmou que o ataque contra Israel é uma questão que “pode ser considerada concluída”, mas ameaçou voltar a agir se os israelenses retaliarem.
Em nota oficial atualizada neste domingo, o Ministério das Relações Exteriores ainda pede que não sejam realizadas viagens não essenciais para a região e que os brasileiros que estão em Israel, Irã e países próximos sigam as orientações divulgadas nos sites e redes sociais das embaixadas brasileiras.
Politicamente, a postura do Itamaraty é por evitar o confronto direto com Teerã. Na nota, diz que “Brasil apela a todas as partes envolvidas que exerçam máxima contenção e conclama a comunidade internacional a mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada”. Diferentemente de outros presidentes como dos Estados Unidos e França, Joe Biden e Emmanuel Macron respectivamente, que condenaram com veemência o lançamento dos mísseis, o presidente Lula ainda não se manifestou sobre o caso. Sem uma manifestação mais dura contra Teerã, oposicionistas veem criticando a postura da política externa brasileira.
O embaixador Paulo Roberto de Almeida diz que a postura diplomática é compreensível, mas critica o que chama de leniência do Brasil em relação às recentes agressões no Oriente Médio. Além disso, o Irã recentemente ingressou no chamado Brics +, o que pode ser uma das explicações para o Planalto não ter se manifestado diretamente:
Há um fator que explica muito dessas reações lenientes do governo brasileiro como ditaduras, vamos ficar muito claramente, ditaduras execráveis ao redor do mundo. Nesse caso aqui, há um outro fator ainda mais relevante, que é a evolução do bloco ao qual o Brasil pertence. Houve a reunião na África do Sul do BRICS e lá foi aprovada a adesão de mais seis países, mas todos eles pertencem a um arco muito peculiar, digamos assim, porque são ditaduras, o Egito é uma ditadura, o Irã sobretudo.
Em outra frente, o governo também monitora o preço do petróleo no mercado internacional. O Irã, membro da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), é um dos maiores produtores de óleo e gás, e caso haja uma escalada do conflito no Oriente Médio, a Petrobras poderá ter de elevar o preço dos combustíveis no Brasil.
Fonte: CBN Brasil