Recentes explosões simultâneas de “pagers” pertencentes ao Hezbollah no Líbano levantam suspeitas de uma infiltração na cadeia logística do grupo islamista pró-iraniano, sugerindo um possível sucesso dos serviços secretos israelenses. Fontes próximas ao Hezbollah indicam que os dispositivos explosivos, parte de uma carga de mil unidades recentemente importadas pelo grupo, podem ter sido modificados na origem.
Charles Lister, especialista do Middle East Institute (MEI), sugeriu que um pequeno explosivo foi escondido ao lado da bateria dos “pagers”, ativado remotamente por mensagem. Isso indica que o Mossad pode ter se infiltrado na cadeia de suprimentos do Hezbollah. O analista militar Elijah Magnier também apontou uma falha significativa na segurança do grupo, que pode ter sido explorada pelos israelenses ao inserir componentes explosivos e detonadores nos dispositivos.
Mike DiMino, especialista em segurança e ex-analista da CIA, considera que a infiltração pode ter ocorrido através de fornecedores ou durante o transporte dos dispositivos, destacando o potencial impacto da operação. Riad Kahwaji, analista de segurança em Dubai, sugeriu que Israel poderia ter controlado a fabricação dos dispositivos em suas indústrias eletrônicas.
Esta operação, descrita como um ciberataque sofisticado, embora com ferramentas relativamente antigas, representa um novo sucesso para os serviços israelenses, após o assassinato de Ismail Haniyeh, líder do Hamas, em Teerã. Mike DiMino caracterizou as explosões como “uma operação clássica de sabotagem”, destacando a complexidade e o planejamento envolvidos.
Apesar da reputação de excelência dos serviços de inteligência israelenses, essa imagem foi questionada após a incursão letal do Hamas em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra em Gaza. Pierre Servent, especialista francês em Defesa, afirmou que as recentes operações mostram a recuperação dos serviços israelenses, mas alertou para o risco de “incompreensão” por parte das famílias dos reféns em Gaza.
O ataque com os “pagers” ocorre em meio a tensões crescentes entre Israel e Hezbollah, aliado do Hamas. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou o retorno dos moradores ao norte de Israel, anteriormente deslocados devido aos ataques do Hezbollah. Avi Melamed, ex-agente dos serviços de inteligência israelenses, comentou que o ataque pode aumentar o estresse dos líderes do Hezbollah e criar um ambiente propício para operações futuras.