Um homem, que preferiu não se identificar, pagou R$ 160 mil por um apartamento na região da Avenida Paralela, em Salvador, e descobriu que caiu em um golpe, após saber que a escritura do imóvel era falsa e que não havia legalidade na compra.
O homem fez três depósitos para a suposta corretora, referentes ao pagamento do apartamento e não recebeu a escritura de imediato. Ele não ocupou o imóvel após a compra e alugou o apartamento para um homem que a corretora indicou. No entanto, agora, um ano depois dos pagamentos, a vítima foi surpreendida por uma mulher que se apresentou como dona do apartamento.
O homem que caiu no golpe ao investir na compra do apartamento disse chegou até o imóvel ao achar um anúncio na internet.
“Ela me mostrou o apartamento, se mostrou que tinha um relacionamento com o pessoal do condomínio. Então eu conversei com ela, negociei e ela me fez o valor de R$ 155 mil”, contou a vítima.
A suposta corretora apresentou uma procuração e disse que resolveria tudo pela dona do apartamento. Tanto que o dinheiro deveria ir para a conta dela. A vítima fez primeiro um depósito no valor de R$ 80 mil. Depois fez outro de R$ 25 mil. O restante, R$ 55 mil, correspondentes ao valor que faltava do apartamento mais uma comissão para resolver a documentação, foi depositado para a conta da corretora.
Após as transações bancárias, a suposta corretora emitiu um documento de compra e venda, mas não entregou, de imediato, a escritura ao cliente.
“Ela ficou me enrolando, mais ou menos, uns seis meses para poder me dar a escritura. Todo dia eu cobrava e nada dessa escritura. No final do ano de 2018 ela me trouxe a escritura”, relatou o homem.
O intuito com a aquisição do imóvel, segundo a vítima, era alugar para garantir uma renda extra.
“Foi um susto grande. A gente trabalha durante 10 anos para juntar dinheiro para poder ter uma renda extra e, de repente, chega uma pessoa assim de um nada e leva tudo o que você conquistou”, desabafou.
A polícia já investiga o caso e desconfia que tanto o homem que pagou pelo apartamento e recebeu a escritura falsa, quanto a mulher que se apresentou como dona do imóvel foram vítimas de estelionato. Até agora, ninguém foi preso.
Documento falso
A vítima do golpe levou a escritura aqui para o cartório para ver se o documento era verdadeiro. Eles analisaram as páginas e disseram que o documento é falsificado e que nenhum funcionário do cartório tinha conhecimento dessa escritura.
A tabeliã do cartório afirmou que o selo de autenticidade é falso. A vítima prestou registrou boletim de ocorrência na 10ª Delegacia Territorial (DT/Pau da Lima).
O delegado responsável pelo caso, Antônio Fernando, reforçou que a suspeita é de que tenha sido estelionato.
“Ele comprou e, há mais de dois anos, está buscando esse documento [escritura] e não consegue”, disse o delegado.
O Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), também foi procurado pela equipe de reportagem. O órgão informou que o registro profissional da corretora que negociou a venda do imóvel está suspenso. Ela não poderia exercer a profissão.
Diante de casos como esse a vítima deve registrar a denúncia também no Conselho para que um processo administrativo seja aberto. O coordenador Jurídico do Creci, José Wilson, aconselha que, antes de negociar um imóvel, as pessoas consultem o site do Creci para verificar se um corretor está apto para exercer a profissão.
“Se esse cliente, antes de contratar essa corretora, ele tivesse feito a consulta no site do Creci, ele verificaria que a corretora não estaria apta ao exercício da profissão e procuraria outro profissional. Então recomendamos que todas as pessoas, antes de contratar um corretor, faça essa busca no site do Creci”, informou José Wilson, Coordenador Jurídico do Creci. (G1)