Representantes da comunidade espírita defenderam em audiência pública, nesta terça-feira (11), o reconhecimento do dia 18 de abril como o Dia Nacional do Espiritismo no Brasil. A data remete ao lançamento de O Livro dos Espíritos (na língua francesa, Le Livre des Esprits) em Paris, no ano de 1857. As informações são da Agência Senado.
A audiência pública, promovida pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), teve a participação de senadores e de representantes da comunidade espírita. Eles lembraram que o país tem cerca de 4 milhões de espíritas identificados no último censo do IBGE, mas acreditam que os simpatizantes chegam a 40 milhões. O debate foi presidido pelo senador Eduardo Girão (Pode-CE), que lembrou que a ideia não é criar um feriado, mas apenas ter um dia para debater as ideias do espiritismo.
Representante da Comunhão Espírita de Brasília, Jefferson Rodrigues Bellomo explicou que o dia é importante por três motivos: reconhecer o espiritismo como parte da cultura brasileira, valorizar a ação social promovida por grupos espíritas e reduzir o preconceito.
“O Brasil foi naturalmente acolhedor ao cristianismo e à mediunidade. Apesar de sermos um país laico, a religião faz parte da nossa cultura. Além disso, o espiritismo se reverte em ação social numa caridade que incentiva creches, orfanatos, asilos, assistência a moradores de rua, e isso desonera o Estado. Por fim, um dia de conscientização pode diminuir o sistema beligerante e quase tribal das redes sociais que incentiva até ataques terroristas contra centros espíritas”, disse.
A compreensão sobre os princípios que regem o espiritismo também foi a justificativa de Paulo Maia Costa, presidente da Federação Espírita do Distrito Federal, para defender a ideia do Dia do Espiritismo. Ele comentou que muitas pessoas têm uma noção errada do que é o espiritismo e sintetizou os fundamentos da doutrina:
“Nós temos o mesmo Deus; cremos que a alma não perece, é imortal; cremos que Deus é bom; cremos na pluralidade da vida, e não numa condenação ao fogo eterno. Não somos inocentes de pensar que estamos sozinhos no universo e que haveria vida apenas no globo terrestre. Há vida em outros planos e comunicabilidade dos espíritos”, sintetizou.
Para Nazareno Feitosa, da Comunhão Espírita de Brasília, o Dia do Espiritismo vai registrar a gratidão do povo brasileiro pela caridade, promover a paz, devolver fé e esperança, incentivar o ecumenismo, promover a vida evitando aborto e suicídio e levando consolo aos que sofrem. Também da Comunhão, a jornalista Daniela Migliari comentou que o espiritismo se coloca como filosofia, ciência e religião expressos numa única caminhada “que convida a ter contato com o novo, com o diferente, num movimento de ideias que nos enriquece desde que respeitemos o outro como queremos ser respeitados”.
Diretor da Federação Espírita Brasileira, João Pinto Rabelo afirmou que a data pode ajudar a divulgar melhor a doutrina e a vinda de Jesus. “O espiritismo trabalha no silêncio, faz curas no espírito das pessoas, faz milagres imensos, cura as feridas da alma, reconstrói o homem na busca de uma nova fase que a humanidade vai viver e é disso o que as pessoas precisam”.
Os participantes da audiência avaliaram como positivo o alcance de filmes que têm difundido os ideais espíritas. De acordo com Bellomo, a obra Bezerra de Menezes — o diário de um espírito teve mais de 500 mil espectadores no cinema. Nosso Lar, sobre Chico Xavier, teve quase 4 milhões, e Kardec, lançado em maio, já teve mais de 650 mil espectadores nas salas brasileiras. (Metro 1)