Os argentinos vão às urnas neste domingo (22/10) para eleger novos presidente e vice-presidente, além de deputados, senadores e servidores do Parlasul, o Parlamento do Mercosul. O pleito começará às 8h e se estenderá até as 18h (horário de Buenos Aires), quando se inicia a apuração, mas, como o voto presidencial é impresso, o resultado deverá ser revelado na segunda-feira (23/10).
Internacionalmente, chama a atenção a briga pela Presidência, tanto pela relevância comercial do país na América Latina quanto pelo favorito a ganhar ou compor o segundo turno: o economista Javier Milei, de extrema-direita. Sergio Massa e Patricia Bullrich travam disputa acirrada contra o adversário.
O economista venceu as eleições primárias, com 30,06%, e revelou admiração pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que endossou a candidatura de Milei. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-mandatário brasileiro, e comitiva vão à Argentina acompanhar as eleições.
A liderança argentina, historicamente, tem relevância para as relações com o Brasil. Os dois países são próximos, e os presidentes Alberto Fernández e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mantêm relação amigável.
Fernández não concorre à reeleição. Dessa forma, o espectro da esquerda é representado pelos candidatos Sergio Massa, atual ministro da Fazenda; Juan Schiaretti, governador de Córdoba; e Myriam Bregman, deputada. Patricia Bullrich, ex-ministra de Segurança, é outra postulante de direita. Veja detalhes dos concorrentes:
Javier Milei:
Milei, 52 anos, é economista e deputado. Ficou conhecido como “Bolsonaro da Argentina” pelas ideias extremistas, conservadoras em temas sociais e liberais na economia.
O economista chamou o presidente Lula de “presidiário comunista” e prometeu não fazer comércio com países “socialistas”. Também pretende romper com o Mercosul e “dinamitar”, ou seja, fechar o Banco Central da Argentina.
Após surpreender nas primárias, ele se tornou o favorito na corrida eleitoral. A chapa tem como candidata a vice-presidente Victoria Villarruel.
Sergio Massa
Massa, 51, é advogado e atual ministro da Fazenda, o que representa um grande obstáculo em sua campanha. À frente da economia do país, Massa é constantemente responsabilizado, inclusive por outros candidatos, pela crise vivida na Argentina.
Ele pretendia concorrer à Presidência em 2019, mas desistiu para apoiar Alberto Fernández na campanha. Depois, se tornou presidente da Câmara e, em julho de 2022, assumiu a Fazenda.
As bandeiras de Massa incluem defender os direitos humanos e equilibrar a economia argentina por meio de refinanciamentos com países como Brasil, China e Rússia. Seu candidato a vice-presidente é Agustín Rossi.
Patricia Bullrich
Patricia, 67, é cientista política e entrou na militância ainda adolescente. A família dela tinha uma tradicional casa de leilão de gado e posição à esquerda, mas Patricia se identifica com a direita.
A cientista política não entregou um plano de governo bem definido. a proposta mais divulgada é o bimonetarismo, ou seja, o uso do dólar livremente na Argentina para incentivar investimentos sem necessidade de troca cambial.
Ao longo da campanha, ela também se declarou a favor da redução da maioridade penal e contra a descriminalização das drogas. O vice-presidente da chapa é Luis Petri.
Juan Schiaretti
Schiaretti, 74, é contador e governador reeleito de Córdoba, segundo maior eleitorado da Argentina.
Em debates, o governador defendeu a “universalização” da educação pública e criação de mais empregos de qualidade para mulheres. Também é a favor de um plano para estabilizar a economia, com eliminação de subsídios para a energia e do déficit das empresas públicas.
O candidato a vice-presidente é Florencio Randazzo.
Myriam Bregman
Myriam, 51, é advogada e deputada. Em último lugar nas pesquisas eleitorais, ela se tornou mais conhecida internacionalmente após retrucar Milei em um debate.
“Ele não é um leão, é um gatinho fofinho do poder econômico”, comentou sobre o deputado.
A deputada propõe aumento “imediato” do salário mínimo e argumenta que a atual renda dos trabalhadores não cobre “necessidades básicas”, como moradia, transporte e saúde, por causa da “escalada da inflação” no país. Nicolás del Caño concorre a vice-presidente na chapa dela.
Possível segundo turno
Esses cinco candidatos avançaram para o primeiro turno, após as primárias. As pesquisas eleitorais apontam para a necessidade de um segundo turno. Milei, Massa e Bullrich estão acirrados na corrida, e a posição entre eles varia décimos nos levantamentos.
A vitória em primeiro turno na Argentina ocorre quando o candidato obtém mais de 45% dos votos, ou quando chega a 40%, com mais de 10% de vantagem sobre o concorrente no segundo lugar.
Caso isso não aconteça, é convocado mais um turno eleitoral, marcado para 19 de novembro.
por Isabella Cavalcante / Metrópoles