Bento XVI exortou Igreja Católica a voltar à ‘fé em Deus e presença do Espírito’ 

FILE - This Dec. 8, 2015 file photo shows Pope Emeritus Benedict XVI sitting in St. Peter's Basilica as he attends the ceremony marking the start of the Holy Year, at the Vatican. Excerpts of a new book-interview, "The Last Conversations" by Benedict and German journalist Peter Seewald were published Thursday, Sept. 8, 2016 in Italy's Corriere della Sera where the retired pope offers final reflections on papacy. (ANSA/AP Photo/Gregorio Borgia) [CopyrightNotice: Copyright 2016 The Associated Press. All rights reserved.]

O papa emérito da Igreja Católica, Bento XVI, foi referido por seu sucessor, Francisco, como um profeta que exortou a denominação a voltar às suas raízes e essência da fé cristã.

Francisco, numa visita a Malta, resgatou palavras ditas pelo bispo Joseph Ratzinger antes de ele se tornar o pontífice e que exortam a Igreja Católica a se concentrar em sua missão como denominação:

“O Papa Bento XVI foi um profeta desta Igreja do futuro, uma Igreja que se tornará menor, perderá muitos privilégios, será mais humilde e autêntica e encontrará energia para o que é essencial. Será uma Igreja mais espiritual, mais pobre e menos política: uma Igreja dos pequeninos”.

Aprofundando seu raciocínio, o atual papa resgatou as palavras exatas que foram ditas por Ratzinger em 1969 durante uma transmissão de rádio na Alemanha: “Como bispo, Bento disse: preparemo-nos para ser uma Igreja menor. Este é um dos seus insights mais profundos”.

“Da crise de hoje surgirá a Igreja de amanhã, uma Igreja que perdeu muito. Ficará pequena e terá que recomeçar mais ou menos do início… À medida que o número de seus adeptos diminui, perderá muitos de seus privilégios sociais. Ao contrário de uma época anterior, ela será vista muito mais como uma sociedade voluntária, na qual se entra apenas por livre escolha. Como uma pequena sociedade, exigirá muito mais da iniciativa de seus membros individualmente”, disse Bento, à época ainda bispo.

“Mas em todas as mudanças que se possam imaginar, a Igreja reencontrará a sua essência e com plena convicção naquilo que sempre esteve no seu centro: a fé no Deus trino, em Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem, na presença do Espírito até o fim do mundo. A Igreja será uma Igreja mais espiritual, sem as pretensões de um mandato político, flertando tanto com a esquerda quanto com a direita”, exortou.

De acordo com informações do portal português ChurchPop, o atual papa acrescentou suas percepções a respeito do cenário atual para os católicos: “A alegria da Igreja é evangelizar. O verdadeiro problema não é se somos poucos, em suma, mas se a Igreja evangeliza… Esta é a necessidade de hoje, a vocação da Igreja hoje”.

Dois papas

Se por um lado o papa Francisco tem levado o Vaticano a reconhecer os erros dos sacerdotes envolvidos com pedofilia e outros casos de abusos sexuais dentro da própria denominação, Bento XVI admitiu que essa foi uma “negligência” que demorou a ser corrigida.

Entretanto, o papa emérito é conhecido por sua postura mais rígida contra o progressismo, referindo a homossexualidade e as uniões entre pessoas do mesmo sexo como uma demonstração do espírito do anticristo na sociedade, ao passo que Francisco é conhecido por seus acenos à militância LGBT, com discursos sobre inclusão de homossexuais.

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