Questionados sobre críticas de que a chapa formada por eles seria branca por não ter diversidade racial, o candidato a prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), e a vice dele, Ana Paula Matos (PDT), oficializados em convenção na manhã desta segunda-feira (14), rechaçam as acusações.
Bruno aposta que o fato de vir de família mais pobre o ajuda a ter “sensibilidade social” para criar políticas públicas que beneficiem os menos desfavorecidos. Já Ana Paula nega que a chapa tenha apenas pessoas brancas. “Sou parda”, autodeclara-se.
As críticas sobre falta de diversidade racial na composição majoritária feita entre os dois partem, sobretudo, do grupo formado pelo governador Rui Costa (PT), que terá duas mulheres negras como candidatas à prefeitura este ano: a deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) e major da Polícia Militar Denice Santiago (PT). Para o prefeito ACM Neto (DEM), no entanto, as críticas são infundadas e são fruto de uma espécie de preconceito às avessas.
Bruno diz, no entanto, não se fazer de rogado com os questionamentos. Afirma que sua origem humilde desmonta qualquer tese de insensibilidade dele ou de Ana Paula a questões raciais, apesar de a crítica dos adversários ser voltada ao aspecto raça (cor), e não de classe social da chapa. Segundo ele, a prefeitura de Salvador desenvolveu, nos últimos 8 anos da gestão ACM Neto, diversas ações para combate ao racismo estrutural.
“Vamos travar esse debate [racial] com tranquilidade. A origem que tivemos, as dificuldades que passamos, a forte sensibilidade social, o trabalho que fizemos para os menos favorecidos, as ações de equidade que geramos falam por si. Salvador foi a primeira capital a implantar política de cotas, tanto na ocupação de cargos quanto concursos públicos. Salvador tem o programa mais premiado do Brasil, que é o programa de combate ao racismo institucional”, defendeu o candidato a prefeito, que se considera um “humanista”.
Já Ana Paula destacou que sua identidade não é branca e que, apesar de não possui “lugar de fala” como mulher que sofreu preconceito pela cor de pele, se identifica com a causa racial.
“Eu sou uma mulher parda, que me identifico com a causa negra. Minha identidade não é branca. Não tenho lugar de fala de mulher que sofreu preconceito pela cor da pele. Tenho lugar de fala como mulher que lutou pelo povo negro, no combate a todo e qualquer tipo de preconceito. Sou uma pessoa do povo negro. Essa chapa não é branca. Não pela cor da pele, porque a própria cor da pele parda já diz que não. Mas pela luta, pela identidade”, explicou. (Bahia Notícias)