Uma ação da GCM (Guarda Civil Metropolitana) na região da cracolândia nesta sexta-feira (8), no centro de São Paulo, nesta teve confronto entre frequentadores do local e agentes. Imagens do episódio mostram quando homens correm atrás de um agente da GCM de moto. O guarda-civil empina o veículo, cai no chão e tem sua arma levada. O homem que roubou a arma do agente então a aponta para o GCM e atira nele.
Segundo a Secretaria Municipal de Segurança Urbana, o guarda civil foi baleado na região lombar. Depois disso, outros guardas aparecem e perseguem o agressor, que é baleado na região abdominal. É possível ouvir vários tiros neste momento. Caído, o homem é imobilizado por um guarda e agredido pelo outro com golpes de cassetete. O homem, então, é arrastado e cercado por cinco agentes, enquanto continua a ser agredido. Alguém que presencia a cena grita: “Já deu, chega!”.
Segundo a GCM, o guarda e o frequentador da cracolândia foram encaminhados para atendimento médico na Santa Casa de Misericórdia. O guarda civil foi liberado e está em casa. O atirador está sob escolta e deve responder por tentativa de homicídio.
Em nota a Secretaria de Segurança Urbana afirma que o caso aconteceu após uma ação de combate ao tráfico de drogas, realizada pela Polícia Militar, com apoio da GCM, que terminou com cinco prisões de pessoas com porte de drogas. O comunicado não cita as agressões cometidas pelos agentes.
A reportagem obteve um áudio do GCM atingido pelo tiro no qual ele afirma passar bem. Ele afirma que não havia notado que tinha sido baleado. “No local onde houve o disparo, por incrível que pareça, até o momento do médico dar os pontos no rosto eu não estava sentindo nada. Não sabia que o tiro havia pegado. Quando eu sentei na maca, eu vi o sangue e ele comentou o que era”, disse.
O agente conta que também foi atingido por uma pedrada no rosto. Emocionado, o guarda também agradece aos outros guardas que o salvaram. “Agradeço muito a Deus por eles terem retornado lá. Porque poderia ter acontecido alguma coisa pior, mas Deus está na nossa vida”, disse.
HISTÓRICO
Casos com tiros têm sido comuns na cracolândia. Em setembro, frequentadores do local atiraram em um guarda-civil. A bala parou no escudo do homem. Funcionários municipais que atuam na cracolândia enxergam os ataques como uma retaliação de traficantes pela tentativa da prefeitura de desarticular o chamado fluxo (onde há grande movimentação e compra e venda de drogas), encaminhando viciados em drogas para equipamentos em outras áreas.
Usuários de drogas que frequentam a região da cracolândia relatam o avanço da pressão para deixarem o local. Desde junho, duas unidades de atendimento social da prefeitura, os Atendes, foram transferidas da região para perto da marginal Tietê, a 2,7 km de distância do fluxo.
No local foi iniciado um serviço híbrido de assistência social e de saúde, batizado de Siat (Serviço Integrado de Acolhimento Terapêutico). O Atende 2, na rua Helvétia, é o serviço remanescente mais próximo e também tem transferência prevista, ainda sem data. (BNews)