Após o Ministério da Saúde divulgar nova diretriz, recomendando a utilização da cloroquina e hidroxicloroquina para tratamento de pacientes na fase inicial da Covid-19, a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) informou que, no estado, os medicamentos estão mantidos exclusivamente para pacientes internados. Além disso, a prescrição depende da avaliação do médico responsável. A orientação no estado já era essa, antes da nova diretriz do Ministério da Saúde.
A opção da Sesab ocorreu diante dos efeitos colaterais provocados pelos medicamentos. Em abril, o médico Gilmar Calazans, de 55 anos, morreu no município de Ilhéus, no Sul da Bahia, após fazer uso de hidroxicloroquina e azitromicina. Ele conseguiu os medicamentos no hospital em que trabalhava, apresentou melhora do quadro da Covid-19, mas sofreu mal súbito e faleceu.
Há quase cinquenta dias, o secretária de Saúde da Bahia, Fábio Vilas Boas, anunciou a aquisição de aproximadamente um milhão de comprimidos de hidroxicloroquina e azitromicina. Segundo a Sesab, o estado possui, atualmente, estoque suficiente para atender até 50 mil pacientes.
Antes de autorizar a utilização em pacientes com sintomas leves, o Ministério da Saúde autorizava o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina apenas em infectados em estado grave e internados. Pelas novas orientações, a indicação da cloroquina e a hidroxicloroquina aparecem associada a um antibiótico. Os pacientes que aceitarem o medicamento terão que assinar um Termo de Ciência e Consentimento que afirma que ‘não existe garantia de resultados positivos e que o medicamento pode, inclusive, apresentar efeitos colaterais’.
O termo afirma ainda que o tratamento pode levar à “disfunção de órgãos, prolongamento da internação, incapacidade temporária ou permanente e até ao óbito”. O Ministério da Saúde afirmou que a nova orientação vai permitir que todos os brasileiros possam ter acesso aos remédios.
A cloroquina e a hidroxicloroquina são utilizados largamente para tratar os pacientes com diagnóstico de lúpus eritematoso sistêmico, lúpus cutâneo, artrite reumatoide, dermatomiosite e polimiosite. Estes medicamentos possuem estudos e literatura científica, bem como protocolos clínicos apenas para estas doenças.
O presidente Jair Bolsonaro defende o uso da cloroquina no tratamento da doença causada pelo novo coronavírus. Mas não há comprovação científica de que esse remédio seja capaz de curar a Covid-19. Estudos internacionais não encontraram eficácia no medicamento, e a Sociedade Brasileira de Infectologia não recomenda a utilização. O protocolo da cloroquina foi motivo de atrito entre Bolsonaro e os últimos dois ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. No intervalo de menos de um mês, os dois deixaram o governo. (G1)