Uma avaliação ecológica na ilha Espanhola, parte do arquipélago de Galápagos, concluiu que a população de tartarugas da região se recuperou muito bem: o número de espécimes passou de 15 para 2 mil desde 1976.
O projeto foi conduzido pela Diretoria do Parque Nacional de Galápagos e contou com um ajudante muito especial: Diego, uma tartaruga-gigante da espécie Chelonoidis hoodensis.
O projeto começou em 1965, na ilha de Pinzón, e só em 1970 foi implantado na vizinha, a ilha Espanhola. À época, restavam 14 tartarugas da espécie, sendo 12 fêmeas e dois machos. Em 1976, os especialistas incluíram Diego ao grupo.
O macho vivera seus primeiros 30 anos no zoológico de San Diego, nos Estados Unidos, quando foi transferido para o programa de criação em cativeiro. O projeto cresceu significamente após a chegada do macho: estima-se que aproximadamente 40% das tartarugas repatriadas para a ilha Espanhola sejam seus descendentes.
Diego, contudo, não é o macho mais prolífico do grupo. Segundo o que os pesquisadores contaram ao The New York Times, outro macho foi responsável por gerar 60% da prole, mas por ser “mais reservado e menos carismático”, não ficou tão famoso. O terceiro macho da ilha não gerou nenhum bebê.
“Diego tem uma grande personalidade, que é bastante agressiva, ativa e vocal em seus hábitos de acasalamento e, portanto, acho que ele recebe a maior parte da atenção”, explicou James P. Gibbs, professor de biologia ambiental e florestal, ao jornal.
Gibbs também conta que, no mundo das tartarugas, a reprodução tem muito mais a ver com o que as fêmeas querem. “Pode ser uma surpresa para muitos, mas as tartarugas formam o que chamaríamos de ‘relacionamentos’. As hierarquias sociais e as relações das tartarugas-gigantes são pouco conhecidas”, explicou.
Agora, após mais de meio século de “prestação de serviços”, Diego se aposentará. De acordo com os desenvolvedores do projeto de conservação, as 2 mil tartarugas que moram na ilha Espanhola hoje conseguirão continuar vivendo naturalmente, sem a ajuda dos pesquisadores.
“Elaboramos modelos matemáticos com diferentes cenários possíveis para os próximos anos e, em todas as conclusões, observamos que a ilha reúne condições suficientes para manter a população de tartarugas que continuará a crescer normalmente, mesmo sem qualquer nova repatriação”, explicou Washington Tapia, diretor do projeto, em comunicado.
Os especialistas estão felizes com a “aposentadoria” de Diego. “Ele contribuiu com uma grande porcentagem para a linhagem que estamos retornando à ilha Espanhola”, disse Jorge Carrion, diretor do parque, à AFP. “Há um sentimento de felicidade por ter a possibilidade de retornar a tartaruga ao seu estado natural.”
(Galileu)