O doce de leite é açúcar. Ou seja, carboidrato. Os atletas precisam de um carboidrato de rápida digestão após os jogos.
Após a vitória por 4×1 contra a Coreia do Sul, o atacante Richarlison degustava um chup-chup de doce de leite. “É pra quem faz gol”, disse o craque em tom de brincadeira durante entrevista. Perguntado se era liberado, ele explicou que o doce fica à disposição dos atletas e “quem quer pegar, pega”.
O chup-chup é um agrado para os jogadores ou faz parte de uma estratégia pós-jogo?
“O doce de leite (açúcar) é um carboidrato de rápida absorção. Quando pensamos em recuperação, de fato esse carbo de rápida digestão faz sentido”, explica Gisele Haiek, nutricionista pós-graduada em nutrição clínica funcional.
Haiek ressalta que essa estratégia é bem pontual e vale para os atletas de alto rendimento durante as competições. Ou seja, uma pessoa que acabou de fazer uma caminhada deve evitar o docinho, já que não tem o mesmo esforço de um jogador.
“Isso é pontual, é o que funciona naquele momento [do jogo]. Ajuda na recuperação muscular, mas não é para todo mundo. O próprio jogador não deve fazer isso no dia a dia. Ele deve optar por alimentos mais saudáveis, itens mais naturais que funcionam”, diz.
Vale lembrar que não existe uma quantidade “ideal” ou “indicada”. Tudo depende do organismo, do peso, da altura e do objetivo da pessoa.
“Se a pessoa quer ganhar massa muscular, as quantidades são ajustadas para que haja superávit calórico. Se a pessoa quer emagrecer, ela precisa do déficit calórico. Um docinho colocado no contexto de cada um não vai emagrecer ou engordar. Ele isoladamente não será um problema”, completa a nutricionista.
Além do doce de leite (que é uma opção muito gostosa), outros carbos “práticos” também funcionam no pós-jogo: frutas, sucos, salada de frutas. “Se for pensar só na composição, o doce de leite é ok. Mas não podemos esquecer da qualidade. É melhor ingerir um carbo de rápida absorção que nutra o corpo”, avalia a nutricionista.
E qual a função do carboidrato?
O carboidrato é a estrela da festa na alimentação dos atletas, junto com a proteína. A função do carbo é o estoque de energia. No pós-treino (ou pós-jogo), ele vai ajudar na recuperação muscular. Os jogadores têm um desgaste muito grande e vão precisar desse nutriente.
“Depois de um jogo intenso, que exigiu muito do organismo do atleta, precisamos pensar no estoque de carboidrato, de energia. Ele é feito na forma de glicogênio muscular e hepático, o armazenamento é feito no músculo e no fígado. O carboidrato é a principal forma para repor o glicogênio e ficar preparado para outras atividades do dia”, esclarece Gisele.
Haiek explica que até uma hora pós-jogo, o corpo está pronto para fazer essa reserva rápida – o momento perfeito para a recuperação. Por isso, o indicado é o carboidrato de rápida absorção. “Se o alimento tiver muita fibra, se for combinado com gordura, a digestão acaba sendo mais lenta, o que não é interessante para o atleta”.
O carboidrato pode ser encontrado em tubérculos e raízes, cereais, frutas, pães, tapioca, geleia de frutas, sucos, beterraba, mel.
E não é só o carboidrato que é importante para a recuperação do atleta. A proteína também não pode faltar. É ela quem garante a estrutura muscular (a manutenção ou construção da massa muscular).
“A proteína é quem mais ajuda nas dores e fadigas musculares. E uma má notícia: o doce de leite não tem quantidade significativa de proteína”, finaliza a nutricionista. (g1)