Diversos homens e mulheres se manifestaram a favor da candidatura de Daniela Portugal e Chris Gurgel para a presidência da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Bahia (OAB-BA), na noite desta quinta-feira (16). A eleição da OAB-BA acontecerá no dia 24 de novembro, em todo o estado. A candidatura de Daniela Borges e Chris Gurgel já havia sido anunciada no dia 19 de agosto deste ano.
Durante o lançamento do Movimento União pela Advocacia, advogada Renata Deiró, presidente da Comissão de Proteção aos Direitos da Mulher da OAB-BA, declarou que a construção da chapa foi feita com muita união e luta coletiva. “Não é uma luta entre sexos, entre homens e mulheres. Nós tivemos ao nosso lado valorosos homens que compreenderam que era hora de apresentar o novo. E o novo se apresenta em duas mulheres que estão alicerçadas em luta, em trabalho, em entrega, em uma advocacia que respeite, que integra”, declarou. Para Deiró, não faz sentido uma advocacia que não constrói uma sociedade mais justa e inclusiva. Ela contou que começou a se aproximar da vida política da OAB quando esteve presente em uma sessão da OAB e viu Daniela. Na ocasião, Daniela Borges havia pedido uma licença para poder amamentar seu filho. “Quando vi isso eu pensei: é essa OAB que quero”.
A presidente do Conselho Consultivo da Jovem Advocacia, Sarah Barros, declarou que a advocacia precisa de união, que hoje, se simbolizou na “união de grupos, de propósitos, principalmente de ideias”. A união a que ela se refere é da junção das chapas que tradicionalmente eram oposição: a do grupo capitaneado por Luiz Viana e Fabrício Castro, e outro, o grupo de Antônio Menezes e Saul Quadros Filho.
Antônio Menezes, em sua fala, rememorou advogados que perderam a vida durante a pandemia, como Saul Quadros Filho, Fábio Nova, Gervásio Firmo e Jorge Lima. Para ele, não adianta “ficar tentando conter esse movimento, que é irresistível”, em alusão à ascensão das mulheres no poder da política da Ordem e junção das chapas. “Nossa união se dá em torno de princípios, de projetos e propostas, nós precisamos debater a questão da paridade de gêneros, dos afrobrasileiros, das eleições diretas para o Conselho Federal e da proporcionalidade no conselho estadual”, elencou os enfrentamentos da instituição. Menezes ainda acrescentou que o atual presidente da OAB-BA, Fabrício Castro abriu a instituição para todos, de jovens a velhos, e disse que a união da chapa ocorreria se Saul ainda estivesse vivo.
O vice-presidente da OAB Nacional, Luiz Viana, discursou contra o ódio, contra as fake news e falou aos jovens para que não vivam em bolhas, por ser uma armadilha onde destilam ódio e ofensas. Viana declarou que a união fortalecerá a advocacia. “Nós temos prerrogativas para dizer o que as autoridades não querem ouvir. Precisamos estar mais forte para defender os mais fracos, precisamos estar mais forte para olhar de igual para igual a todas autoridades”, frisou. Sobre a chapa de Daniela Borges e Chris Gurgel, Viana declarou que este é o “melhor projeto, o melhor grupo e com as melhores candidatas”. “Nós temos a oportunidade de construir algo novo para a advocacia. Estamos aqui para servir. Estamos aqui contra aqueles que querem fazer a OAB de balcão, a OAB de de business. Nós temos um grande projeto para servir a classe”, sentenciou.
O atual presidente da OAB-BA, Fabrício Castro, falou sobre seus sonhos em torno de uma advocacia forte, com prerrogativas respeitadas e honorários dignos. “Tenho sonhos que a advocacia negra tenha participação, que a jovem advocacia tenha espaço para crescer, e de uma advocacia independente. Precisamos de pessoas que promovam a unidade e não a divisão. Temos uma união com propósitos, com duas mulheres muito preparadas, competentes e experimentadas por onde passaram, e que por onde passaram tem trabalho para mostrar”, disse. Fabrício ainda acrescentou que as candidatas mostraram “lealdade e caráter”.
A candidata a vice-presidente da OAB-BA, Chris Gurgel declarou que este é um marco histórico. “O que estamos vivendo hoje é marco na história da advocacia, marco na história da OAB, marco na história da sociedade. Nós carregamos no nosso corpo e na nossa alma a experiência da profissão, uma das mais importantes”, sinalizou. Para Gurgel, a advocacia lida com os maiores bens da vida: materiais e imateriais. “Estão nas nossas mãos vidas. carregamos as experiências, a dor e a delícia de sermos advogadas”. A advogada, que também é professora, lembrou que foi através do trabalho da OAB da Bahia que a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Brasil recentemente a indenizar as vítimas de uma explosão em Santo Amaro, no recôncavo baiano. “A OAB da Bahia fez história no direito internacional dos direitos humanos”, lembrou. Militante dos direitos humanos, Chris Gurgel afirmou que a advocacia é indispensável ao “Estado Democratico de Direito”. “O Poder Judiciário não sobrevive sem a nossa provocação. O Judiciário não sobrevive sem o nosso trabalho. O que queremos é respeito e dignidade para a nossa profissão”, salientou.
A candidata a presidente da OAB-BA, Daniela Borges, lembrou que sua candidatura tem apoio de homens e mulheres aliados em “prol de uma advocacia mais forte”. Contou um pouco de sua vida, de nascer em Salvador, crescer em Itapetinga, e se formar em Belo Horizonte, em Minas Gerais. E depois, recomeçar a vida em Salvador. “Nesses recomeços, eu sempre percebi que a advocacia sempre foi a vocação da minha alma”. Daniela criticou a interferência do Judiciário nas formas de contratação entre advogados e clientes, e abordou a luta que os advogados atravessam hoje em dia para receber um alvará. “Os alvarás e os honorários são a vida da advocacia. Todos os advogados querem viver dignamente da profissão, e para isso, o Judiciário precisa funcionar e funcionar bem”, asseverou. Daniela também abordou sua experiência como advogada-mulher-mãe, de ter que fazer uma sustentação oral com poucos dias que havia dado à luz a seu filho. “É assim que advocacia trabalha, com o compromisso com seus clientes”.
por Cláudia Cardozo / BN