Gestão de ACM Neto é alvo preferencial em 1º debate de candidatos à prefeitura

Foto: Recontrução

O primeiro debate entre os candidatos à prefeitura de Salvador, realizado nesta quinta-feira, 1º, pela Band Bahia, foi marcado por “dobradinhas” feitas entre aliados do governador Rui Costa (PT) para criticar a administração do prefeito ACM Neto (DEM), que tenta eleger como seu sucessor o vice-prefeito Bruno Reis (DEM) (assista abaixo íntegra do debate da Band entre prefeituráveis).

Ao perguntar para Bacelar (Podemos), Major Denice (PT) elogiou as obras de mobilidade urbana realizadas pelo governo Rui na capital baiana e questionou o motivo de “tanto descaso” da prefeitura com o transporte público.

“Realmente, as grandes obras estruturantes foram feitas pelo governo do Estado, como o metrô, as grandes avenidas ligando o Subúrbio à Orla atlântica, os viadutos do aeroporto”, afirmou Bacelar. Em seguida, o candidato do Podemos voltou a criticar a gestão de Neto: “Eles não cuidam de gente, gostam é do concreto”. “Governam para 15% da cidade e dão as costas para 85%”, acrescentou.

Bacelar citou, então, o projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) do governo estadual. Foi a deixa para Denice comentar a iniciativa: “O VLT é esse metrozinho menor, com qualidade excepcional. BRT é buzu. VLT é esse metrozinho”.

Outra “dobradinha” veio em seguida, quando Olívia Santana (PCdoB) perguntou a Denice quais seriam seus planos para a educação. “É incrível quando duas mães se encontram”, afirmou Denice, em determinado momento do debate educacional.

As duas candidatas ressaltaram a importância das creches. “Sei do valor da educação para transformar a vida das pessoas. Não é justo que até hoje mães saiam para cuidar dos filhos dos seus patrões e não tenham uma política regionalizada de implantação de creches”, disse Olívia.

Bacelar também questionou a Bruno se ele defendia o retorno ou não das aulas na rede pública municipal e acusou a prefeitura de falta de planejamento. O vice-prefeito aproveitou a oportunidade para citar realizações da gestão. “Nós reformamos, construímos 244 novas escolas. Passamos 12 capitais e fomos a capital que mais cresceu no Ideb. Assim que tiver condições, iremos retornar, com toda a segurança”, disse o democrata.

Em suas falas, Bruno procurou apresentar um balanço das ações da prefeitura em diversos segmentos, como o turismo e cultura. “Salvador vivia o seu melhor momento antes da pandemia. Fizemos o verão da década, graças ao esforço feito lá atrás”, declarou, ao citar a recuperação de áreas do Centro Histórico, o Centro de Convenções municipal, o Caminho da Fé, a recuperação da Casa de Jorge Amado e a implantação do Museu do Carnaval.

O Pastor Sargento Isidório (Avante) disse que a gestão municipal precisa “estender as mãos da prefeitura para esse povo que perdeu o seu comércio, o ambulante, o trabalhador informal, os micro e macro empresários”. “A gente vai liberar os impostos no primero ano para todo mundo que quiser empreender em Salvador”, declarou.

Hilton Coelho (PSOL) disse que a cultura e o turismo “nunca foram pensados para a renda do nosso povo”. “A cidade é dos negócios da família deles e dos aliados. Precisamos pensar o papel do Centro Histórico, estimular atividades que possam fazer com que a população consiga usufruir dessa relação com o turismo”, afirmou o psolista.

“O turismo tem que ser feito sob a perspectiva da diversidade cultural. E não tem outro caminho a não ser chamar o trade para discutir. É necessário chamar os atores do turismo. Iremos conversar com os empresários, garantir benefícios e gerar emprego e renda para os trabalhadores dessa área”, disse Celsinho Cotrim (Pros), ao falar sobre a pergunta feita em comum para todos os participantes do debate.

Quando teve chance, Denice também buscou o debate com Bruno, inclusive escolhendo que ele a fizesse uma pergunta. Ao ser questionada sobre planos para a política de inovação, a candidata do PT disse que a cidade “precisa ser planejada a partir do Subúrbio, da periferia”. “Inverter a prioridade. Assim estaremos trazendo oportunidade para a nossa juventude. Por muito tempo, ficamos acuados, presos e isolados em nossas casas”, declarou. 

Bruno, por sua vez, disse que, caso eleito, transformará Salvador em uma cidade criativa e inteligente, com monitoramento do trânsito e internet “nos diversos espaços”, além da escola digital. “Salvador vai se tornar um ecossistema de inovação”, afirmou.

Isidório voltou a defender que a atual gestão deve programar o Carnaval do próximo ano e negou que o fato de ser evangélico vá influenciar suas decisões a respeito da festa em uma eventual vitória nas urnas. “Estou indo ser prefeito, como estou hoje deputado. Quando você está investido no cargo público, tem que respeitar todos os credos”, disse.

O deputado federal precisou ser advertido mais de uma vez para que não mostrasse a Bíblia, já que isso contrariava as regras do debate.

Em suas falas, Hilton não se restringiu a criticar a gestão de Neto. Questionou, por exemplo, a Isidório se ele não sentia “vergonha” por ter votado a favor da reforma da Previdência. 

O parlamentar lembrou, então, que mudou de posicionamento durante o processo. “No primeiro turno, votei orientado pelo governo do Estado, por causa de alguns itens. Depois, retirei o meu voto quando entendi que bancos ficaram de fora. Assim que entendi que meus eleitores não gostaram, retirei o meu voto”, respondeu.

Ao falar sobre moradia, Olívia citou sua história familiar para dizer que conhece “a falta que faz uma moradia digna”. A deputada estadual prometeu dar destinação social a imóveis abandonados na cidade.

Cotrim disse que, caso eleito, gastará “dois centavos nas áreas mais pobres da cidade a cada centavo gasto na Orla”. O candidato do Pros citou ainda o ex-prefeito João Henrique como apoiador de sua candidatura. (A Tarde)

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