Os jornalistas Marcelo Castro e Jamerson Nascimento, além de uma terceira pessoa não revelada, foram indiciados pela Polícia Civil por suposta participação no esquema conhecido como “Golpe do Pix da Record”. O trio responderá por estelionato, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Em entrevista coletiva, o delegado Charles Leão, responsável pelo caso, não divulgou oficialmente o nome dos suspeitos, mas deu detalhes da investigação.
“Até o presente momento, todas as alegações trazidas pelos investigados não foram alicerçadas por qualquer documento. Isso me dá uma convicção para acreditar nas vítimas, que são pais, mães, pessoas com doenças…”, revelou o delegado.
As prisões ainda não foram solicitadas, pois o inquérito não está concluído. O conteúdo da investigação deve ser encaminhado em breve para o Ministério Público.
Até o momento, 61 pessoas foram ouvidas pela Polícia Civil. Ao menos 14 pessoas foram vítimas do esquema. “A nossa investigação sempre foi pautada pela transparência. Pelo livre acesso a todos os advogados. Os defensores dos investigados já tiveram acesso ao conteúdo da investigação por mais de 10 vezes”, ressaltou.
No dia 3 de maio, o próprio Marcelo Castro foi até a Delegacia de Repressão aos Crimes de Estelionato por Meio Eletrônico (DreofCiber) acompanhado do seu advogado Marcos Rodrigues.
Marcelo Castro e Jamerson Nascimento trabalhavam no programa Balanço Geral Bahia, da Record TV Itapoan, como repórter e produtor, respectivamente. Não se sabe se o terceiro indiciado também atuava na atração.
Relembre o caso
O caso veio à tona após a equipe do jogador de futebol baiano, Anderson Souza Conceição, mais conhecido como Anderson Talisca – que atualmente joga pelo Al-Nassr – cobrar informações sobre uma doação que teria sido feita por ele. Sensibilizado com a história de uma criança, o atleta teria doado cerca de R$ 70 mil.
Em nota enviada ao CORREIO no dia 11 de março, o diretor de jornalismo da TV Itapoan, Gustavo Orlandi, confirmou que a empresa investigava a denúncia de que funcionários da organização teriam desviado dinheiro de doações feitas por telespectadores através de pix.
“A RecordTV Itapoan, assim que recebeu as denúncias, apura os fatos e tomará todas as medidas legais cabíveis para o caso”, disse, por email. O esquema funcionava através do programa Balanço Geral. Pessoas em dificuldade relatavam seus casos na atração televisiva, comovendo o público, que fazia doações via Pix.
Depois da descoberta, o caso então passou a ser investigado pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Estelionato por Meio Eletrônico (DreofCiber), que também está analisando depoimentos, matérias jornalísticas, vídeos e prints de redes sociais.
Marcelo Castro se pronuncia publicamente
O repórter Marcelo Castro, um dos investigados pela Polícia Civil no ‘Golpe do Pix da Record’, afirmou que os R$ 70 mil enviados pelo jogador de futebol Talisca para a mãe da criança que estava doente caíram na conta da mulher.
“O advogado de Talisca me ligou e perguntou onde eu botaria o dinheiro. Os 70 mil que ele botou caiu em 5 minutos na conta da mulher. A criança, no dia seguinte, morreu porque a médica do hospital não quis aplicar a injeção, parece”, afirmou o jornalista em entrevista ao canal Sem Censura TV. A entrevista foi ao ar na noite do último dia 10.
Questionado sobre a viagem que fazia a Dubai quando o caso veio a público, Marcelo Castro disse que ainda está pagando a passagem, que “dividiu em 10 vezes”.
“A viagem estava programada com minha família para visitar meu irmão, que mora lá. Depois, minha noiva entrou na minha vida e comprou também a passagem. De repente lá recebi a mensagem que me acusaram de aplicar um golpe. A empresa falou ‘Quando vc voltar de férias a gente conversa’ e já fui procurar meus advogados”.(Correio)