Após a mais convincente atuação da seleção brasileira na Copa América, o técnico Tite atribuiu parte do sucesso ao “tapete” que é o gramado do estádio de Itaquera, em São Paulo, palco da vitória por 5 a 0 sobre o Peru. Agora, nas quartas de final, contra o Paraguai, o time atuará em um campo que tem sido constantemente criticado.
O terreno da Arena do Grêmio, em Porto Alegre, já foi reprovado por jogadores como o argentino Lionel Messi e o uruguaio Luis Suárez. E passou a ser uma preocupação para a seleção diante de um adversário que a eliminou da competição sul-americana em duas das três últimas edições.
Em 2011 e 2015, o Paraguai também encontrou o Brasil nas quartas de final. Em ambos os duelos, levou a melhor na disputa por pênaltis, e aí está outro motivo de inquietação da comissão técnica. Desde o início da preparação, ainda na Granja Comary, em Teresópolis, os atletas vêm praticando tiros da marca penal, que podem ser decisivos no mata-mata.
Na ausência do cortado Neymar, quem assumiu a responsabilidade foi Philippe Coutinho, que converteu sua batida no jogo de abertura da Copa América, o triunfo por 3 a 0 sobre a Bolívia. Já na goleada sobre o Peru, o erro no tiro livro de Gabriel Jesus não custou caro à seleção, mas recordou que o pé calibrado daquela distância pode ser a diferença entre sobreviver e ficar pelo caminho.
“Sempre que acaba o treinamento, a gente bate cinco ou seis pênaltis. O treinamento te condiciona e te dá uma confiança maior para bater”, afirmou Coutinho, citando Gabriel Jesus, Roberto Firmino e Richarlison entre aqueles que o acompanham nesse tipo de atividade. “Acho que todos eles batem bem.”
Em 2011, ninguém de verde-amarelo bateu bem. Em um resultado raro nesse tipo de disputa, o Paraguai venceu o Brasil por 2 a 0. Elano, Thiago Silva, André Santos e Fred falharam, em dia que ajudou a tirar Mano Menezes do comando do time. Elano e André Santos erraram por muito e culparam as placas de grama mal presas na região da marca penal.
Quatro anos mais tarde, o desempenho não foi tão ruim, mas a seleção também caiu nos pênaltis diante dos paraguaios, desta vez por 4 a 3. Everton Ribeiro e Douglas Costa não acertaram o alvo e complicaram a situação de Dunga -que aguentou mais um ano no cargo, até a eliminação ainda na primeira fase da Copa América Centenário, em 2016.
Tite espera que a história de 2019 seja diferente. E, apesar da precaução exibida nos treinos, a ideia, claro, é resolver a classificação sem a necessidade de chutes de desempate. Para isso, o time terá de se virar em um gramado que, se não está soltando placas como o da eliminação de 2011, na Argentina, não é o tapete visto pelo treinador em Itaquera.
Ele esteve na Arena do Grêmio com o coordenador da seleção, Edu Gaspar, na manhã de segunda-feira (24). Ouviu que o campo vem recebendo um tratamento especial, com adubos, e terá um corte levemente diferente. A altura da grama passará de 22 mm a 26 mm, em tentativa de fazer a bola correr de maneira mais regular, algo importante para o time brasileiro.
Contra o Paraguai, na quinta (27), Tite imagina um cenário semelhante ao observado diante de Bolívia e Venezuela, que apostaram em propostas bastante defensivas. Interessa ao Brasil que o jogo de passes flua com agilidade para que se quebre a marcação, daí a preocupação que o terreno de jogo esteja em condições razoáveis. (VN)