A Rede Liberdade, um grupo de advogados especializados em direitos humanos, enviou um pedido de reunião extraordinária ao Ministério da Justiça para discutir a suposta atuação ilegal da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) durante o governo de Jair Bolsonaro. Recentemente, uma nova operação da Polícia Federal revelou detalhes de ações clandestinas da Abin contra ministros do STF, parlamentares e jornalistas.
O pedido foi encaminhado à Secretaria Nacional de Justiça, sob a liderança de Ricardo Lewandowski, com o objetivo de propor a criação de um grupo de trabalho para monitorar as investigações em andamento. A Rede Liberdade também busca medidas para assegurar a proteção dos profissionais da imprensa, que foram alvo dessas supostas ações de espionagem.
Entre os jornalistas monitorados estão nomes conhecidos como Mônica Bergamo (Folha de S. Paulo), Vera Magalhães (O Globo), Luiza Alves Bandeira (DFRLab – Digital Forensic Research Lab) e Pedro Cesar Batista (Comitê Anti-imperialista General Abreu e Lima).
“A realização desta reunião é crucial para garantir que as violações de direitos e liberdades fundamentais sejam tratadas com a devida seriedade. A segurança dos jornalistas e a proteção da liberdade de imprensa são fundamentais para a nossa democracia”, afirmou a diretora-executiva da Rede Liberdade, Amarilis Costa.
A investigação da Polícia Federal revelou conexões entre agentes subordinados ao então diretor da Abin, Alexandre Ramagem (atualmente deputado federal pelo PL-RJ), e ações direcionadas contra os Poderes constituídos, além de tentativas de desacreditar o processo eleitoral e proteger os interesses de filhos do ex-presidente.
O esquema supostamente utilizado envolveu o uso do software espião FirstMile pela Abin, sem autorização judicial, o que desencadeou investigações mais amplas sobre as pessoas que teriam sido alvo de monitoramento.
O pedido da Rede Liberdade reflete a preocupação com a preservação do Estado democrático de Direito no Brasil, exigindo uma resposta coordenada para lidar com as graves denúncias de violações e abusos de poder. A expectativa é que a reunião extraordinária proposta ao Ministério da Justiça possa contribuir para o esclarecimento dos fatos e a adoção de medidas efetivas para garantir a proteção dos direitos fundamentais e a liberdade de imprensa no país.